Turma Formadores Certform 66

Sunday, November 25, 2012

Conversas comigo mesmo - CXXIII

E finalmente chegamos ao fim do ano litúrgico, simultaneamente, ómega e alfa, isto é, fim do ano litúrgico e início dum novo. Hoje celebra-se assim a festa de Cristo Rei. Só Ele é o Senhor. Chegados ao último domingo do ano litúrgico somos convidados a contemplar, mais profundamente, Aquele que é o centro e o sentido da nossa fé. Lê-se no Evangelho deste domingo: "Disse Pilatos a Jesus: - Tu és o Rei dos Judeus? Jesus respondeu-lhe: - O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é daqui. Disse-lhe Pilatos: - Então tu és Rei? Respondeu-lhe Jesus: - É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade, escuta a minha voz." Jesus Cristo - o Senhor! "Ele é a luz, a vida, o caminho. Ele é o Rei, o que serve mais, o que vai à frente, a honra da Humanidade. Ele é o altar da comunhão com Deus, o templo da presença divina. Ele é o príncipe da paz, o defensor do povo, o lutador em favor dos pobres. Ele é o profeta que levanta a voz pelos caminhos, o mestre da verdade essencial. Ele é o Filho muito amado de Deus, palavra da Sua palavra, luz da Sua luz, vida da Sua vida, imagem visível do seu mistério invisível. Ele é o Homem, o Filho do Homem, nascido de mulher, nosso Irmão, misturando-se na nossa História envenenada como Água Viva que tudo purifica e renova. Ele é o Crucificado, o Homem fiel a Deus e aos homens numa entrega total de serviço e de Salvação. Ele é o Ressuscitado: o vivente que dá vida: o primogénito da nova criação. O espelho onde vemos o essencial: o mistério de Deus no mundo e o destino do mundo em Deus." Ele é o Senhor. Como dizia José Saramago: "Alguém criou Deus e depois outros escreveram sobre Ele. Essa é a função da teologia". Não pretendi escreve sobre Ele, desde logo, porque nem sou teólogo, apenas uma pessoa que foi educação na fé cristã como muitas outras - a maioria - num país de cultura vincadamente cristã, sobretudo, católica. E  numa altura em que a idade vai fazendo o seu percurso talvez a proximidade da morte nos leve a pensar mais numa outra alternativa que não seja o fim de tudo inexorável. Para usar a feliz expressão do filósofo francês Chateaubriand: "A velhice antigamente era uma dignidade hoje é um peso". E essa ideia dum peso para terceiros, duma velhice incómoda para os mais novos e até para nós, mais velhos, leva a que busquemos refúgio no transcendente. Isso não significa que não seja um crente. Sou-o, não sei se católico ou não, - essa é uma outra questão -, mas crente em algo superior que nos abraçará e encaminhará para um nível superior depois de terminada a nossa jornada neste mundo. Porque há muita gente que se diz não crente e quando os filhos nascem vão a correr batizá-los, quando casam não deixam de ir à igreja e quando morrem, os seus parentes, não deixam de chamar o padre, pelo sim ou pelo não. Isso só mostra hipocirisa e ignorância. Porque se não crêem, devem ser consequentes com as suas ideias. Foi nesse sentido que, domingo após domingo, fui aqui trazendo as liturgias do dia e refetindo sobre essa mensagem. Para aprofundamento dos que se assumem católicos mas que se dizem não praticantes (!) - sofisma muito típico do catolicismo única religião em que conheço tal disparate -, bem como, daqueles que não se assumindo como tal, pudessem conhecer melhor a sua liturgia e o seu ritual. Não se pode dizer que se é isto ou aquilo, ou o seu contrário, se não conhecemos aquilo de que falamos. Por isso, penso ter contribuído para o esclarecimento de muitos. Esse foi o objetivo destas reflexões que foram de encontro a pedidos de algumas pessoas que me propuseram o desafio. Não sei se foi conseguido, mas pelo menos esforcei-me por isso. Agora, chegado o fim do ano litúrgico, começa o Advento, isto é, a preparação para o Natal, que nos conduzirá à Epifania, ou seja, o próprio Natal. O cíclo recomeça de igual maneira a este que ora findou. Do alfa ao ómega, que nos reconduz a um novo alfa, é o ciclo que o cristianismo nos propõe, o ciclo inexorável da vida.

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