Turma Formadores Certform 66

Thursday, November 29, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 226

Depois de termos ouvido ontem o PM ficamos a saber aquilo que tanto nos apoquentava. A austeridade veio para ficar, a carga fiscal avassaladora irá para além de 2013, a saúde é "a mais protegida pela Constituição" mas isso não significa que cada vez seja mais para ricos, as reformas e as pensões continuarão a ser esmagadas o que faz com que os mais idosos tenham que encarar a hipótese da mendicidade como nós víamos quando eramos crianças, mas a educação, tema que nos é tão caro, foi aquele que mais nos afetou. A escola pública sempre foi uma escola de virtudes e o alargar da escolaridade obrigatória até ao 12º ano fez com que a população mais jovem viesse a adquirir cultura e competências que até então estavam reservadas aos mais abastados. Vimos como nos últimos anos o nível cultural dos portugueses aumentou e até como estes passaram a ser reconhecidos no exterior. Mas ontem ficamos a saber que afinal a escola pública tem os dias contados, que as famílias terão que arcar com parte das despesas coadjuvando o Estado. E a pergunta é como é que isso se puderá fazer? Quando os salários estão esmagados, a precaridade passou a ser norma, com a carga fiscal demolidora, como no meio de tudo isto, as famílias ainda terão capacidade financeira para criar condições dos seus filhos terem uma educação mais avançada? Vemos que estamos a caminhar para uma escola de pobres e uma escola de ricos, como era no tempo em que por lá passamos. Onde a educação liceal era muito seletiva e a universitária era só para os eleitos, ou seja, para aqueles cujas famílias tinham capacidade financeira para isso. Pois o PM na sua entrevista de ontem veio afirmar que pretende colocar o país numa regressão e atraso bem maiores do que aquilo que imaginávamos. Sabemos que um povo culto é sempre um incómodo para os poderes instituídos, onde a massa amorfa, estupidificada pela ignorância é sempre mais maleável para ser conduzida por poderes que têm a vã ilusão de que se vão perpetuar no tempo não percebendo do quão efémeros eles são. Esta é uma atitude criminosa, a de reduzir um povo à ignorância, ao obscurantismo, à mais sórdida condição humana. Pensavamos que já tínhamos visto tudo deste PM mas pelos vistos ainda não. Ele vai-nos surpreendendo e promete continuar a surpreender-nos pela negativa. Este PSD está seguramente bem longe do PSD verdadeiramente social-democrata, que ostenta no seu símbolo, servindo apenas como embuste para eleitor ver. O partido que se assumia como defensor das PME's está a reduzir o país a uma albanização sem precedentes na nossa História recente. E o seu parceiro, o CDS/PP, que se assumia como o partido do contribuinte, afinal está a avalisar tudo isto. A hipocrisia política tornou-se abjeta, a política descredibilisada, os políticos apodados de ladrões. Esta é a situação que vivemos. Esta é a situação que merecemos. Porque esta gente não está ali por moto próprio, mas porque os elegeram. E quando olhamos para tantos milhares de manifestantes a dizerem que não votaram nestes partidos não deixamos de nos interrogar, se afinal é assim, como apareceram lá então? Seria por uma espécie de transmutação?

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