Turma Formadores Certform 66

Friday, July 11, 2014

Ainda o caso BES

Voltamos de novo ao caso que envolve a Grupo BES e a família Espírito Santo porque achamos que algo de muito complexo pode daí advir. O Banco de Portugal tem-se desdobrado em informações sobre a solvência da instituição de crédito mas isso não chega para acalmar os investidores e, sobretudo, os mercados sempre atentos ao que se passa. O sinal que ontem a Bolsa deu como PSI-20 a registar uma queda histórica é bem disso o exemplo. O nervosismo da União Europeia e do FMI em torno deste caso não podem se ignorados. Um banco sistémico, um banco do regime como alguns lhe chamam, está a passar um mau momento, que só agora se tornou visível mas que, desde à muito, já se falava à boca pequena. E algumas dessas preocupações vinham precisamente de dentro do seio da comunidade bancária o que, só por si, não deixa de ser preocupante atendendo ao recato com que os banqueiros gostam que falem deles e das suas instituições, eles tão avessos à publicidade sobre eles próprios. A contaminação que parece já atingir a PT e que não deixou de ser espelhada ontem no PSI-20, não pode deixar de preocupar todos nós. Esta situação não deixa de estar a criar problemas à própria dívida externa portuguesa com as consequências daí resultantes. A maneira como o Banco Central está a lidar com o caso também não, porque não basta dizer que o BES tem reservas para fazer face a possíveis incumprimentos. O tentar dizer algo sem dizer coisa alguma não será a melhor maneira de tranquilizar os mercados. Outros casos anteriores de supervisão que depois se traduziram em problemas bem mais graves ainda estão presentes na mente de todos para que nos deixemos embalar por palavras de mais ou menos circunstância. Mas a maneira como o governo parece passar ao lado não beneficia a especulação. Porque não é verdade que o governo esteja na expectativa, porque se tal fosse o caso, então ainda seria mais preocupante. No entretanto, os depositantes que pretendessem levantar algum dinheiro têm tido dificuldades em fazê-lo em algumas agências do BES. Estas informações vão circulando e a agitação das pessoas começa a fazer-se sentir. A chegada de Vítor Bento não irá resolver a situação, pelo menos no curto prazo, e o comportamento das ações do BES na última semana é disso um bom exemplo. Depois de se saber que Ricardo Salgado andou por aí a pedir a investidores para ajudarem o banco e com as recusas do próprio governo, depois dos angolanos e até, ao que se diz, dos venezuelanos, dá bem a mostra do que temos pela frente. A banca que foi aquela que nos colocou verdadeiramente nesta situação em que todos estamos está agora a receber, também ela, a respetiva fatura. Mas aquilo que aqui é importante reter é se o BES será capaz de resolver os seus problemas se teremos todos nós, de novo, de pagar a fatura final. Essa é a grande questão, sobretudo quando se sabe que anda no ar um pedido de insolvência para a proteção de credores com vista à sua reestruturação o que de todo não nos pode deixar tranquilos sobre o que por aí virá no futuro.

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