Uma mão cheia de equívocos
Voltamos ao tema das primárias no PS porque sendo este partido um partido importante da governabilidade, aquilo que nele se passa pode bem determinar o rumo do nosso futuro coletivo. Já em tempo oportuno aqui fizemos notar a nossa incapacidade de entender aquilo que se está a passar no PS, sobretudo esta sede de poder que é quase doentia. Continuamos a não entender porque só agora António Costa achou por bem avançar. Sabemos que o caminho dum líder na oposição não é fácil e, talvez por isso, Costa quis evitar esse caminho das pedras metendo por um atalho que o leva a reivindicar a liderança próximo das eleições legislativas e quando a alternância é mais do que provável. Já aqui afirmamos que, mesmo que achemos Costa melhor líder do que Seguro, não pactuamos com golpes baixos, facadas pelas costas que afinal, só demonstram falta de caráter e isso, só por si, deveria ser impeditivo de alguém ter a pretensão de se candidatar a primeiro-ministro. Mas a nossa estupefação vai ainda mais longe. Temos assistido ao contar das espingardas, temos visto os apoios deste e daquele, mas Costa consegue uma unanimidade que achamos perigosa, quando vemos gente ligada ao PCP como Luís Represas ou João Gil no apoio a Costa, quando vimos gente próxima de partidos ainda mais à esquerda e, como se já não fosse preocupante, agora até tem o apoio do genro do Presidente da República! Coisa curiosa e estranha esta de tamanha unanimidade que faz lembrar uma outra que foi da esquerda parlamentar mais radical à direita parlamentar mais radical, na convergência para o derrube do governo de Sócrates. Estas unanimidades com tal latitude sempre nos causaram preocupação porque achamos que ninguém consegue agradar a um espetro tão amplo assim. Daí o questionarmos a quem favorece tal situação. Afinal quem está interessado em ver Costa líder do PS? E porquê? Algumas possíveis respostas já as demos em crónica anterior e não vamos voltar a repeti-las aqui. Mas que tudo isto é estranho não há dúvida. O enfraquecimento do PS é algo apetecível para outras forças e esta luta intestina não deixa de favorecer essas forças, mesmo com a aparência de fortalecer este partido. Apenas deixamos aqui algumas perguntas que ainda não tiveram resposta até agora. Porque é que Costa só agora aparece se teve duas oportunidades antes e as rejeitou? A quem serve esta candidatura nascida deste modo? Será que a coberto duma candidatura da esquerda se pretende estender a passadeira à direita? Quem souber que responda. Por nós, continuaremos atentos a esta novela que parece ainda ter muitos episódios pela frente.
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