Turma Formadores Certform 66

Friday, September 19, 2014

Equivocos da democracia portuguesa - 233

Pensávamos que já tínhamos visto tudo, mas não, ainda tínhamos algo para ver. Depois das medidas ultra-liberais, rocambolescas muitas delas, que nos colocaram na vereda da indigência, onde as medidas para o crescimento económico não existem, ou são torpedeadas pela austeridade sem fim, mesmo indo ao arrepio do ortodoxo Ecofin que já veio insistir no crescimento económico para por fim a uma crise que vai esmagando a Europa, ainda nos restava ver o perdão - estratégico ou não - duma governação em desagregação. Se a quando da nomeação de Vítor Bento para o Novo Banco, logo apareceram as laudas de muitos, logo foram arrumadas num canto quando a administração do Novo Banco começou a divergir da orientação governativa, que o quer vender a qualquer preço e rapidamente, talvez ainda antes do fim do ano, para não vir agravar o défice já de si problemático. Entrou a nova administração e, esta sim, é que é a verdadeira a genuína. Curiosamente o comunicado que Eduardo Stock da Cunha - o administrador que se segue - emitiu, vai no sentido de valorizar o banco e não vendê-lo a qualquer preço, o que parece ser uma ironia face àquilo que o governo e o regulador pretendem. Se calhar aqui, não deixará de se pensar num "pedido de perdão pelos erros cometidos". Mas logo surgiu a ministra da Justiça a pedir perdão face ao descalabro do Citius que pôs os tribunais parados e a justiça na iminência da rutura, coisa que a senhora ministra sempre achou exagerado, até ao dia que não pode continuar a esconder debaixo do tapete aquilo que já toda a gente tinha visto. Mas logo, Nuno Crato não quis ficar atrás, e vai daí, desloca-se à Assembleia da República para também ele ali pedir perdão, desta feita pela barafunda do início do ano escolar e pela controversa fórmula que colocou os professores. Tanta barafunda na governação é, de facto, demais. Sempre ouve uma certa acrimónia entre os ministros e entre os partidos da coligação. Mas isto é a imagem mais clara que, passados três anos, a confusão é total onde as coisas parecem, cada vez mais, surgirem do nada e duma forma desgarrada. Isto para já não falarmos nas declarações de Portas e Pires de Lima sobre os impostos em confronto com as ideias defendidas pelo primeiro-ministro. Ele que, - e para dar o exemplo -, já em tempo veio pedir perdão aos portugueses por aquilo que tem andado a fazer. Este é um governo do "perdoa-me" no pior dos sentidos. Porque o pedido de perdão nunca chegará de todos aqueles que foram vítimas de tão torpe governação em nome duma "troika" - onde muitas das medidas aplicadas nem sequer constavam do memorando - quando o que se passou foi o querer ir-se muito para além das autoridades internacionais. E um país que se viu empobrecido dum dia para o outro, uma classe média que sempre cresceu encostada ao Estado tal como aconteceu em toda a Europa, e se viu espoliada de quase tudo vivendo alguns na margem da miséria, um desemprego galopante, um défice que era para ser pequeno e talvez não seja assim, duma dívida que não pára de aumentar, com certeza, que um país assim, não pode perdoar a uma governação que tão mal lhe fez. Mesmo sendo um país maioritariamente católico, pensamos que mesmo assim, não haverá espaço para perdão.

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