Turma Formadores Certform 66

Tuesday, September 02, 2014

Equivocos da democracia portuguesa - 342

Nem neste defeso que foi o período de férias, - ou talvez por isso -, não deixamos de assistir a momentos verdadeiramente equívocos da democracia portuguesa. Um deles, - e talvez por ser o mais dramático para as pessoas aqui o trazemos -, é o desemprego. Não deixou de ser interessante o enorme foguetório que a maioria e o governo fizeram em torno da redução deste número. Número equívoco que carece de mais detalhada análise. Não deixa de ser estranho que o governo se regozije com aquilo que dizem ser a maior variação homóloga negativa do rácio. É verdade, mas para quem tem um milhão de desempregados (!) não deixa de parecer ridículo. Muitos sem qualquer apoio social porque dele foram excluídos como se se tratassem de marginais. Que afinal não procuraram essa situação, mas foram apenas e só, vítimas dela. E ainda é mais estranho tal algazarra quando somos um dos países com enorme desemprego na Europa. Longe ainda duma situação equilibrada quando olhada por qualquer ângulo, mesmo o duma economia de mercado. Qualquer economista sabe que assim não se vai lá e ainda existe um longo caminho de pedras a fazer, caminho esse atapetado com pedras bem pontiagudas. Entretanto, Mario Draghi veio a terreiro e agitou as águas. Depois vimos a ministra das Finanças a fazer de comentadora das palavras de Mario Draghi sobre a situação europeia. O ministro das Finanças alemão apareceu logo a dizer que se estavam a interpretar mal as palavras de Draghi. Porque elas causaram incómodo por nunca se tinha ido tão longe na análise da situação europeia como Draghi foi, colocando o dedo na ferida na austeridade excessiva que, muitos e desde à imenso tempo, vêm denunciando. Apelando a um aumento da procura interna como fenómeno redutor desta situação embrulhada em que a Europa se vê envolvida e não consegue sair mesmo que os políticos digam o contrário. De tudo isto, em muitos momentos da vida tal como na economia, as más opções podem levar a um perfilar de outros situações bem mais preocupantes. E isso está a acontecer na Europa, logo em Portugal também. Trata-se do fenómeno da deflação. Já por diversas vezes, e ao longo de mais de dois anos, que vimos alertando para esta situação. O caminho seguido para isso conduzia, e agora ela aí está. Este fenómeno de abaixamento dos preços é muito grave, porque a dívida de quem a tem, é automaticamente ampliada, o investimento desaparece, podendo até vir a potenciar um novo ciclo de desemprego ainda mais devastador do que aquele por que estamos a passar. Em França, (só para dar um exemplo duma grande economia europeia), a economia cresceu 0,3%! Em Portugal a situação ainda é bem pior. Não percebemos porque é que não se fala disto às populações. Que os políticos não o façam até compreendemos, que os economistas ou jornalistas económicos se mantenham calados é mais grave e até preocupante. O meter a cabeça na areia nunca foi uma boa estratégia fosse para aquilo que fosse, e neste assunto também não o é. Porque ignorando o caso, ou ocultando-o, ele aí está e pode ter consequências bem devastadoras que poderão irromper nos próximos anos. E deste equívoco foguetório vem que carece de pouca motivação, e que temos que, rapidamente, ir apanhar as canas.

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