Turma Formadores Certform 66

Saturday, August 30, 2014

Sete dias passaram

Sete dias passaram. Parece que foi à momentos. A Tuxa deixou-nos fisicamente, mas a memória dela continua a pairar sobre nós. Sobre os espaços que ocupava que eram o seu território. Sete dias passaram. E não nos habituamos ainda à sua ausência. Quando chegamos já não a temos a espreitar ao cimo das escadas, a ladrar e a abanar a cauda, nessa alegria renovada da chegada dos seus donos que ela tanto amou. Por vezes passamos e pensamos que ela ali está. Damos pela falta das duas alcofas que tinha para dormir. Damos pela falta do seu cheiro, da sua presença, do seu olhar. O Nicolau anda triste e confuso. Não parou de a cheirar quando morreu. Quis estar perto quando a levamos para a sepultar. Não sei se na sua cabeça ele teve a preceção do que aconteceu. Sei apenas que volta e meia vai ao local cheirar, deitar-se por perto, como se lhe quisesse fazer companhia. Afinal ela foi a sua mãe adotiva. Talvez a única que verdadeiramente conheceu. Ele foi abandonado à minha porta com três semanas de vida apenas. Era demasiado pequeno. A Tuxa foi quem verdadeiramente o criou, o educou, lhe ensinou a andar, com quem ela brincou sempre. Talvez por isso, o Nicolau anda triste. Ou talvez por nos ver tristes também. Não nos larga um só momento, ele que era tão independente. Porque olha e não a vê, procura-a e não a encontra, mas sabe que ela está ali, no seu relvado predileto onde ele, por vezes, fica como que a contemplar. Sete dias passaram mas a dor, essa não passou. Demorará tempo, muito tempo. Sete dias é tanto e simultaneamente tão pouco. Parece que foi agora que ela se desprendeu da vida, cansada dela, de tanto sofrer, ela que tanto lutou sempre pela vida, nem sempre fácil. Mas perdeu o seu último combate, como o perderemos todos nós quando a hora chegar. Sete dias passaram e a dor preenche os espaços, os mesmos espaços que ela ocupou, e por isso a memória é mais viva. Não sabemos onde estás. Não sabemos se estás bem ou não. Não sabemos se estás com medo ou não. Não sabemos se percebes que partistes e que nos deixastes para trás, tu que sempre privilegias-te a nossa presença. Não sabemos nada, não temos respostas para nada. Contudo, acreditamos que estás num lugar melhor onde o respeito pelos animais é a norma. Sabemos apenas que temos muitas saudades de ti, neste amor incondicional que te tivemos e que foi largamente superado por ti. Sete dias passaram, mas a memória essa ficará para sempre. Descansa em paz, Tuxa!

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