Pelo peito adentro - 1
"O marido, tinha saído 1h antes com os amigos boémios do costume. Um vou ali venho já que demorava em média até de madrugada, quando ele chegava a casa mais derrubado que erguido.
Naquela noite, também ela iria sair. Joana, colocou o vestido vermelho comprado no dia dos namorados, e que ele tinha repudiado por lhe parecer uma puta!
Olhou-se no espelho... ajustou o vestido, pronunciou o decote. Alongou as pestanas e ensaiou o sorriso... desde miúda o seu ponto forte.
Fechou a porta de casa e foi palmilhando a calçada... só queria que olhassem para ela, queria um piropo que afagasse a alma, um abraço no ego. Não viu nenhum rosto familiar, amigos ou conhecidos de outrora... O mundo tinha continuado sem ela!
Puxou de um cigarro, encostou-se na sombra da parede e inspirou o frio da noite. Segundos depois, na sua frente parou um carro.
" ...Quanto levas !?? " Perguntou ele.
Joana fez uma pausa, atirou ao chão o que restava do cigarro, saíu do escuro... deu três passos na direcção do carro e disse:
"... tu de mim não levas mais nada!!"
Aquela foi a noite em que o marido não voltou para casa."
Telmo Mendes
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