A problemática do SNS
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi uma das grandes conquistas que emergiram do 25 de Abril de 1974, sonho do já desaparecido António Arnault, numa época em que, quem tinha dinheiro, ia ao médico, quem não tinha, que se arranjasse. Ainda me lembro da maneira festiva como tal inovação foi acolhida e o alívio que trouxe a algumas populações economicamente mais debilitadas. (Algumas delas pessoas de quem tenho conhecimento direto e que ainda hoje dizem como a criação do SNS lhes veio melhorar a vida). Passados todos estes anos, parece que tudo se inverteu. Pode haver várias razões para isso, desde logo os constrangimentos financeiros do país que existem, embora muita gente pense o contrário. Mas não deixa de ser estranho que esse serviço seja diariamente posto em causa quando ainda hoje é considerado um dos melhores do mundo pelos organismos internacionais de saúde. É certo que existem coisas que não estão bem, seria errado negá-lo. Afinal não há sistemas perfeitos. Mas também é certo que existem muitas outras razões para o quererem por em causa, razões menos confessáveis. Desde a mais alta hierarquia médica, enfermeiros, auxiliares, etc. parece que todos se conjugaram, - independentemente de interesses variados -, no ataque ao SNS. Até as populações, mas essas são facilmente orquestráveis. Estou à vontade para falar dele porque o vejo de fora. Normalmente não recorro a ele, e sei o que se fala nos corredores do privado. Parece que, isso sim, existe um interesse em privatizar tudo porque a saúde é o verdadeiro negócio da China. Quem perderia com isso seria necessariamente as populações que, ou têm dinheiro para comprarem um seguro de saúde ou então voltam ao tempo de antes 1974. A ideia de privatizar o SNS sempre foi uma tentação para muita gente. O governo que existia durante a 'troika' não se cansou de ensaiar a situação, com um desinvestimento crescente, e isso ajudou a degradar uma área já de si a braços com muitos problemas. A privatização seria um erro, na minha ótica, mas para que isso não aconteça será necessário que se libertem mais fundos, que se invista mais no setor, para que se faça uma verdadeira reforma. Um sistema com mais de 40 anos, necessariamente carece de ajustes que nunca foram feitos. E quanto mais tarde pior. Mas se vissem o que se passa com os serviços de saúde noutros países europeus compreenderiam aquilo que aqui quero dizer. Normalmente temos a ideia bizarra de que tudo o que vem de fora é que é bom, mas no caso da saúde, não é assim. Por isso, é que me entristece ver a situação atual e a falta de respostas da tutela. Mas, estou convicto, que a problemática do SNS é outra bem diferente e bem mais complexa.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home