Turma Formadores Certform 66

Tuesday, April 28, 2020

Luis Sepúlveda - "História de uma Baleia Branca"

Trago hoje um livro dum escritor que à dias nos deixou vitimado pela covid-19, Luis Sepúlveda, e o o livro 'História de uma Baleia Branca'. Normalmente costuma-se fazer o panegírico de alguém quando esse alguém nos deixa. Luis Sepúlveda não precisa disso pela dimensão da sua obra e, sobretudo, pela dimensão humana que tinha. Luis Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile, a 4 de outubro de 1949 e morreu a 16 de abril de 2020 em Oviedo, Espanha. O seu pai era militante do Partido Comunista e proprietário de um restaurante. A mãe era enfermeira e tinha origens mapuche. Cresceu no bairro San Miguel de Santiago e estudou no Instituto Nacional, onde começou a escrever por influência de uma professora de História. Aos 15 anos ingressou na Juventude Comunista do Chile, da qual foi expulso em 1968. Depois disso, militou no Exército de Libertação Nacional do Partido Socialista. Após os estudos secundários, ingressou na Escola de Teatro da Universidade de Chile, da qual chegou a ser diretor. Anos mais tarde, licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha. Da sua vasta obra – toda ela traduzida em Portugal –, destacam-se os romances 'O Velho que Lia Romances de Amor' e 'História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar'. Mas todos os seus livros conquistaram em todo o mundo a admiração de milhões de leitores. Em 2016, recebeu o Prémio Eduardo Lourenço – que visa galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica –, uma honra de definiu como «uma emoção muito especial». Para além de romancista, foi realizador, roteirista, jornalista e ativista político. Em 1970 venceu o Prémio Casa das Américas pelo seu primeiro livro, 'Crónicas de Pedro Nadie', e também uma bolsa de estudo de cinco anos na Universidade Lomonosov de Moscovo. No entanto, só ficaria cinco meses na capital soviética, uma vez que foi expulso da universidade por “atentado à moral proletária”. Membro ativo da Unidade Popular chilena nos anos 70, teve de abandonar o país após o golpe militar de Augusto Pinochet. Viajou e trabalhou no Brasil, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Peru. Viveu no Equador entre os índios Shuar, participando numa missão de estudo da UNESCO. Em 1979 alistou-se nas fileiras sandinistas, na Brigada Internacional Simon Bolívar, que lutava contra a ditadura de Anastácio Somoza. Depois da vitória da revolução sandinista, trabalhou como repórter. Em 1982 rumou a Hamburgo, movido pela sua paixão pela literatura alemã. Nos 14 anos em que lá viveu, alinhou no movimento ecologista e, enquanto correspondente da Greenpeace, atravessou os mares do mundo, entre 1983 e 1988. Em 1997, instalou-se em Gijón, em Espanha, na companhia da mulher, a poetisa Carmen Yáñez. Nesta cidade fundou e dirigiu o Salão do Livro Ibero-americano, destinado a promover o encontro de escritores, editores e livreiros latino-americanos com os seus homólogos europeus. Luís Sepúlveda vendeu mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo e as suas obras estão traduzidas em mais de 60 idiomas. Mas depois deste etrato do autor passemos ao livro. Nesse na sinopse do mesmo: 'De uma concha apanhada por uma criança numa praia chilena, ao Sul do Mundo, uma voz se eleva, cheia de lembranças e sabedoria. É a voz da baleia branca, o mítico animal que durante décadas tem guardado as águas que separam a costa de uma ilha sagrada para os povos nativos daquele lugar, o Povo do Mar. O cachalote da cor da lua, a maior das criaturas do oceano, conheceu a imensa solidão e a imensa profundidade do abismo e dedicou a sua vida a cumprir fielmente a tarefa misteriosa que lhe foi confiada por um cachalote-ancião, resultado de um pacto há muito tempo estabelecido entre baleias e marinheiros. Para cumpri-lo, a grande baleia branca teve de proteger aquele mar de outros homens, estranhos, que com os seus navios ali chegavam para tirar tudo sem respeitar nada. Foram sempre eles, os baleeiros, a contar a história da temida baleia branca, mas agora é chegado o momento de ouvirmos a sua voz na velha língua do mar.' Este livro, tal como os outros de Sepúlveda, são uma espécie de estórias, quiçá para crianças, que os adultos adoram ler. Este pode não ser o seu livro mais conhecido e/ou mais lido, mas é um livro muito bem construído e edificante, enriquecido pelas ilustrações de Paulo Galindro. Um livro que merece uma leitura atenta e refletida. A edição é da Porto Editora.

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