No sétimo dia do falecimento da Paula Maia
Celebra-se hoje o sétimo dia do passamento da minha querida amiga Paula Maia. Estes sete dias fizeram-me refletir muito sobre a fragilidade da vida, esse equilíbrio ténue entre a sombra e a luz. Tenho sentido a sua falta porque já não tenho os bons dias pela madrugada quando se preparava para ir alimentar os seus animais. Já não tenho aqueles telefonemas durante a manhã, onde falávamos de tudo e nada. Muitos desabafos lhe conheci, mas também quando algo de entusiasmante surgia, ela logo vinha partilhar comigo. Esta amizade começou com o resgate animal, e foi crescendo onde já não existiam barreiras porque tudo era falado sem rodeios. Isto é que é uma verdadeira amizade, sem tibiezas, sem reservas de qualquer espécie. A Paula era assim, um ser de luz, com uma alegria contagiante. Mas com um coração do tamanho do mundo. Um ser sensível que via na poesia o seu escape. Quantos poemas trocamos, quantos ela me pediu. E não pensem que era só os animais que eram objeto da sua atenção. Ainda me recordo como ela resgatou aos ciganos os dois cães que ainda lhe sobreviveram, e como ela ajudava dentro do que podia essa família. Um dia disse-me que via que os jovens ciganos não iam à escola, e vai daí, começou a dar-lhes lições para os incentivar a prosseguir o ensino básico. Este ser de luz, só sabia entregar-se ao outro, sem reservas, embora por vezes se sentisse explorada e disso falou comigo muitas vezes. Mas a Paula estava muito para além disso, e continuava com muito empenho na jornada que a vida tinha para ela. Hoje é o sétimo dia do seu desaparecimento. E já se faz sentir a ausência, o vazio, que ela deixou em todos nós seus amigos. Hoje já desmaterializada estará a percorrer a estrada de luz, na companhia dos muitos animais que ajudou. Eles serão o seu testemunho, o testemunho duma grande Mulher, duma grande Senhora, que nos inspirou a todos os que a conheceram. Eu fui um deles. Descansa em paz, Paula Maia!
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