Manuel Alegre 34 anos de deputado exemplar
Hoje Manuel Alegre, o deputado cada vez mais desalinhado do PS, abandonou a Assembleia da República, onde permaneceu 34 anos. Homem frontal, seguro das suas convicções, homem de causas, Manuel Alegre foi um pouco de tudo. Desde poeta de grande capacidade, autor de poemas que marcaram a geração antes de Abril de 74, como o caso da "Trova do vento que passa" que foi imortalizado na voz de António Correia de Oliveira, desde o lutador anti-fascista que foi preso variadas vezes pela polícia política, até que acabou por ter que se exilar em Argel, até ao deputado exemplar para quem a Democracia valia todos os sacrifícios, mesmo que tal o levasse a combater o partido que ajudou a fundar, Manuel Alegre sempre foi um homem com grande sentido de sensibilidade política. E só assim, foi grangeando a simpatia de todos os seus pares, mesmo que dele não tivessem a mesma visão ideológica. Manuel Alegre foi um dos grandes parlamentares que a Democracia portuguesa pode acolher no seu seio, ao lado de outros como os já desaparecidos Amaro da Costa e Carlos Brito, numa altura em que o Parlamento tinha nas suas fileiras grandes oradores, grandes ideólogos, bem longe da mediocridade a que hoje assistimos. Estou certo que não será um adeus definitivo, ele que, como diz Jaime Gama, é a "voz livre da democracia". "É uma honra ser deputado" disse hoje Manuel Alegre, na sua despedida, lembrando a brochura que o acolheu na AR, pela mão doutro grande parlamentar, também já desaparecido, Francisco Salgado Zenha. Espero que continue atento, crítico e vigilante, porque se tal acontecer, a qualidade da Democracia portuguesa, será certamente maior.
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