Turma Formadores Certform 66

Monday, October 19, 2009

A crise financeira e a recessão - XI


Foi divulgado na semana passada o índice de preços no consumidor do 3º trimestre. Mais uma vez se verificou uma descida registando-se um valor de inflação homóloga de -1,8%. A Comunidade Europeia também divulgou o seu e a tendência é a mesma, verificando-se um valor de -0,3%. Como já venho afirmando à algum tempo, Portugal está cada vez mais próximo da deflação, fenómeno que é grave para a economia, e que potenciará novos índices de desemprego. Cada vez mais, verificamos que os portugueses, e não só, estão a adiar as suas compras, com vista a comprarem mais à frente a preço mais baixo. Só que isto é uma verdadeira espiral negativista, porque compramos sempre mais tarde, para tentar obter ganhos futuros, mas tenderemos a comprar ainda cada vez mais tarde, na expectativa de mais e mais benefícios. Como se compreende, se não se vende, a produção não pode existir ou será muito baixa, logo, os empresários tendem a precisar de menos mão-de-obra, até para equilibrar os custos das suas empresas, e o desemprego tende a disparar. Não é por acaso que, no final da semana passada Francisco Van Zeler, presidente da CIP, dizia numa entrevista que, no próximo ano não deveria aumentar o salário mínimo. Como este é baseado na inflação, e sendo esta negativa, logo não deveria haver aumento, só não propôs a sua diminuição, porque a legislação não o permite. É um raciocínio lógico, embora desumano, sobretudo porque sabemos que a crise, contrariamente ao que muitos dizem, ainda não passou. Há quem defenda que a crise poderá ter um refluxo, com uma evolução em forma de M, caso do Prof. Paul Krugman, prémio Nobel da economia em 2008. Contudo, não tenho indicadores que o possam confirmar, mas todos devemos ter em atenção que a crise veio para ficar, nomeadamente ao nível do emprego, que é onde os efeitos da retoma são mais lentos, e mais devastadores, mas se se vier a confirmar o quadro de deflação que antevejo, a situação poderá tornar-se muito grave. Estejamos atentos aos sinais, porque eles estão aí com a força duma evidência.

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