O "Sacrificium" de Cecilia Bartoli
Depois desta saga política que se justificou pelo ciclo eleitoral de três eleições sucessivas, é tempo de retomarmos o lado mais cultural deste espaço. Isto não significa que não voltemos ao tema político sempre que tal se justifique. Mas, como dizíamos, para voltarmos ao lado cultural deste espaço, nada melhor do que ouvir e divulgar o último disco dessa grande soprano italiana, Cecilia Bartoli. O disco chama-se "Sacrificium" e é dedicado aos "castrati" (castrados), tão populares nos séculos XVII e XVIII. Esta é uma homenagem ao "sacrifício de centenas de milhares de rapazes em nome da música". O album é composto por dois CD's, o primeiro, será o "Sacrificium" propriamente dito, se assim se pode dizer, o segundo CD é um extra dedicado a três árias de castrados que se tornaram lendárias, como o caso de "Son qual nave" de Riccardo Broschi (1698-1756) da ópera Artaserse, a segunda, de Handel (1685-1759), a célebre "Ombra mai fu" da ópera Serse, e por último, a não menos famosa ária "Sposa, non mi conosci" da ópera Merope de Giminiano Giacomelli (1692-1734). O primeiro CD recolhe temas de Porpora, Caldara, Araia, Graun, Leo e até uma atribuída a Leonardo da Vinci. Um álbum fabuloso, não só pela homenagem a estes jovens estropiados para que a música tivesse o seu brilho, contrariando a natureza humana, mas também, pela fabulosa interpretação de Cecilia Bartoli, que na minha opinião pessoal, está ao nível do seu melhor, não esquecendo o acompanhamento superior do "Il Giardino Armonico" sob a direcção de Giovanni Antonini. Aqui fica a proposta, mesmo para aqueles que não gostam da música deste período. Não deixem de ouvir e verão que, se calhar, vão mudar de opinião. Resta apenas dizer que o selo é da Decca, que para além de apresentar estes dois CD's, a que já fiz referência, publica uma edição limitada de luxo, com um livro que nos dá conta da história dos "castrati", desde logo, um dos mais famosos de seu nome Caffarelli. Este disco que celebra a "época dos castrados" é desde logo, sob o ponto de vista histórico, um disco fascinante. Ouçam-no e verão que existe muito mais.
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