Turma Formadores Certform 66

Friday, September 25, 2009

Equivocos da democracia portuguesa - 19


Chegados aqui, só nos resta ir votar, e esperar que o partido que ganhar, seja ele qual for, sirva o país com denodo e empenho, que é o que todos desejamos, nestes tempos difíceis de crise económica. Como já anteriormente afirmamos, a abstenção não serve ninguém, sobretudo aqueles que dizem sempre mal de tudo. Como podemos dizer mal, e não tentarmos nada para melhorar? Como diria Maquiavel, "a história ri-se dos profetas desarmados". Ainda no campo das citações, lembramos Victor Hugo, "hoje o poder sou eu". E acrescentava: "Pois quê? Não sabeis o que fazer do sufrágio universal? Santo Deus! Ele é o ponto de apoio, o inabalável ponto de apoio, que bastaria a um Arquimedes político para levantar o Mundo!" Sabemos que nem tudo vai bem, temos a consciência de que esta campanha foi pobre, pouco esclarecedora, por ventura, uma das piores de sempre. E estamos à vontade para o dizer, porque já participamos activamente noutras, com outros protagonistas, bem melhores, com um discurso mais elevado, muito para além da malidicência e do ataque pessoal. Pensam, talvez, que isso colhe, mas estão enganados. Estamos de acordo com o consagrado Alain Touraine, que dizia que "a formação de novos movimentos sociais, susceptível de desencadear novas políticas, é necessária". E nós bem precisados delas estamos, porque o que parece novo, no nosso espectro político, não deixa de ser velho, embora embrulhado em papel de seda. Estamos certos que os políticos não têm a dimensão disto mesmo, e pensam que, aquilo que é transitório em democracia - o poder - para eles é como se fosse definitivo. Sabemos que alguns se perderem o protagonismo que a política lhes dá, voltarão ao seu dia-a-dia, mais ou menos obscuro, que se diluirá na poeira do tempo, como o comum dos mortais. Porque aqueles que têm verdadeira dimensão, esses ficarão na retina, e o país deverá ficar-lhes grato por tudo o que fizeram. Só que, infelizmente, estes são poucos. E dos novos, não aparece ninguém a preencher esse espaço, deixando o mesmo, à mediocridade e ao golpe baixo, como vimos sobejamente nestas eleições. Mas este mal, não é só entre nós que é visível. Quando vemos um primeiro-ministro japonês que se considera um "iluminado" e a sua mulher uma "extra-terreste", quando vemos um primeiro-ministro francês que mais parece um "Don Juan", quando vemos um primeiro-ministro italiano como o "rei do deboche", enfim, que mais temos que dizer! Pensamos que estamos perante uma geração de políticos muito sui-generis, que faz a ponte, para uma nova geração que há-de chegar e com ela novas ideias. Não basta, que apareçam novos políticos em partidos velhos, achamos que temos que construir algo de novo desde a raíz. Não esquecemos a advertência do "vidente" Tocqueville, quando nos lembrou que "é o progresso que gera as revoltas". Mas no entretanto, temos que ir votar, exprimir aquilo que achamos que será melhor para o nosso futuro. A abstenção para muitos, não passa dum recuo da atracção dos sistemas democráticos em geral e do exercício de voto em especial. Há os que se convessem disso com apreensão, e os que constatam isso com gaúdio. Daí que em alguns países, já foi instituído o voto obrigatório. Cremos que é uma medida acertada para o bem do futuro da democracia, mas por outro lado, achamos que, apesar de tudo, este nosso sistema é melhor, porque passa a responsabilidade para o cidadão, que muitas vezes tanto critica, e na hora decisiva, não está presente. Cientes disto mesmo, vamos todos votar, para que o exercício da democracia se efective, para que sejamos parte activa dos destinos do nosso país, e que a frase Victor Hugo, "hoje o poder sou eu", se cumpra na sua pleinitude.

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