Turma Formadores Certform 66

Monday, September 14, 2009

Equivocos da democracia portuguesa - 12


A situação de bipolarização em que o país se encontra é algo que nos deixa preocupados. A alternância democrática entre partidos é normal em democracia, mas quando essa alternância se foca em dois partidos, sempre os mesmos, a situação torna-se mais grave. A esquerda, por razões históricas, nunca foi capaz de criar uma frente comum verdadeiramente unida, a direita tem conseguido isso, muito à custa do CDS/PP, que lá vai à boleia, com casos até curiosos, como o dos governos de Durão Barroso e de Santana Lopes, em que a produção dos ministros do CDS/PP foi muito superior à dos do PSD, e Paulo Portas não deixou de fazer disso a sua bandeira durante algum tempo. Mas apesar disto, é inegável que desde o 25 de Abril de 1974, e ultrapassada a fase dos governos provisórios, o poder sempre esteve nas mãos ora do PS, ora do PSD, com os resultados que todos conhecemos. A diferença entre os dois partido não é tanta quanto se possa pensar, e não nos referimos aos programas, mas sobretudo, à "praxis" política. Daí o "slogan" tão bem explorado por Paulo Portas do "centrão". É certo que as críticas prendem-se com a apetência que ele tem pelo poder, mas disso não temos dúvidas. O que se nos afigura grave, é esta falta de propostas credíveis, que motivem o eleitorado, fora do espectro destes dois partidos. Isso indicia um empobrecimento da democracia e do país. É altura de outros partidos apresentarem propostas que sejam mais que simples programas de protesto, eles também partidos de protesto. Se criticam devem lutar pela apetência do poder, e apresentar propostas que colham junto do eleitorado esse desejo. Pensamos que a democracia não se está a renovar como acontece noutras latitudes, e pensamos logo na Grã-Bretanha. Portugal precisa de outros políticos com outras políticas, que se ajustem mais aos tempos que correm. Não basta mudar os rostos para defender as mesmas políticas. Praticamente desde o início do regime democrático entre nós, as propostas têm sido as mesmas, com roupagens diferentes, mas no fundo defendendo as mesmas ideias. Era aquilo que o anterior regime durante a chamada "primavera marcelista", designava de "renovação na continuidade". Viu-se o que isso significava e ao que conduziu. Julgamos que cada vez mais nos aproximamos daquilo que foi o Maio de 68 em França. Estão-se criando condições para a instauração da 4ª República que nos traga uma aragem de nova ideias e de propostas. Pensamos que Portugal bem precisa dessa mudança para a renovação do sistema democrático que se apresenta cada vez mais caduco e sem ideias. Estejamos atentos aos sinais e saibamos todos interpretá-los.

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