Equivocos da democracia portuguesa - 7
Sempre foi nosso objectivo manter este espaço o mais apartidário possível, não deixando, no entanto, de elogiar este ou aquele quando tal se justifique, sem qualquer complexo, mesmo que seja membro do governo, seja lá ele qual for. É fiel a este princípio que, neste final de legislatura, não queria de deixar passar a figura, para alguns controversa, da ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues. Sempre foi uma ministra por quem nutrimos muita admiração e respeito, pela sua determinação, pela sua firmeza, a despeito do corporativismo da classe dos professores, e até dos alunos, claramente manipulados, (não me esqueço dum que foi entrevistado e dizia que não sabia porque estava ali, "mas era fixe"). O primeiro-ministro admitiu ontem, e bem, que o governo talvez não tenha passado bem a sua mensagem. Achamos que se tal se tivesse verificado, mesmo assim, a contestação continuaria à mesma, porque o que estava em causa era o mexer em privilégios adquiridos pelos professores à muitos anos e que ninguém gosta de perder. Não esqueçamos que a contestação foi liderada pela FENPROF, associação conotada com o PCP, e o seu líder, Mário Nogueira, que é militante do PCP e que não esconde o desejo de aparecer como deputado na Assembleia da República. (Até já deixou crescer a barba!). À boleia de tudo isto, talvez o consiga. Há contestações que servem fins, nem sempre os dos directamente interessados, mas sim, interesses maiores que são o dos seus dirigentes. Mas isso nada tem de mal, o grave é que as pessoas não vejam isso, e quando se fala de professores, ainda é mais estranho, até porque se presume que estamos a falar de pessoas com um nível cultural mais elevado. Mas os problemas do ensino, a sua desagragação, o seu facilistismo, nada tem a ver com Maria de Lurdes Rodrigues, que até, é nossa convicção, tentou corrigir. Nada de isto nos é estranho, já o afirmamos no passado. Não esquecemos que, quando ainda eramos jovens licenciados, começamos por tentar concorrer ao ensino como saída profissional imediata. Não chegamos a entregar a documentação, porque na sala onde estavamos concentrados, só se falava do famoso art.º 4º, (pensamos que era este), que dava as saídas necessárias para se faltar sem perder vencimento. Saímos profundamente desiludidos com o que víamos. O que aconteceu, foi que a geração seguinte de professores, saiu com um défice bastante grande, até educacional, (veja-se como se comportavam nas manifestações), e sobre isto estamos falados. Nessa altura, verificamos que algo ia mal no ensino, e que as gerações futuras iam pagar isto tudo. E aí está. Sem dúvida alguma, a falta de profissionalismo também existe, isto não significa que todos pensem assim, mas se calhar são mais do que se pensa. Assim, a necessidade de correcções eram inevitáveis e, Maria de Lurdes Rodrigues, incorporou muito bem, este objectivo. No momento em que escrevemos, chega-nos a informação de que Maria de Lurdes Rodrigues não exclui a hipótese de continuar na pasta, caso o PS seja governo. Uma atitude que saudamos. É de mulheres de fibra e determinadas como esta que precisamos.
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