Ferderico García Lorca - 73º aniversário do seu assassinato
Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transfere-se para Madrid, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e onde publicou os seus primeiros poemas. Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseiam-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928). Concluído o curso, foi para os EUA e para Cuba, será o período dos seus poemas surrealistas, onde manifesta o seu desprezo pelo "modus vivendi" norte-americano. Expressou o seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de "Poeta em Nova Iorque", publicado em 1940. (Viria a dar lugar a um excelente álbum musical homónimo onde vários artistas cantavam estes poemas, um deles era Leonard Cohen, estavamos na era do vínil, nos idos anos 70). Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado "La Barraca". Não ocultava as suas idéias socialistas e, com fortes tendências homosexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol que, sob forte influência católica, ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX. Intimidado, Lorca voltou para Granada, na Andaluzia, na esperança de aí encontrar um refúgio. Ali, porém, teve a sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento (que se tornou célebre) de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver". Assim, no dia 19 de Agosto de 1936, (cumprem-se hoje 73 anos), sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e o seu corpo foi atirado num ponto algures da Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão à sua homossexualidade. A caneta calava-se, mas a Poesia nascia para a eternidade - e o crime teve repercussão em todo o mundo, despertando por todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta... foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial. Como sempre acontece, os tiranos só o são no momento em que têm o poder a seu lado, depois disso, desaparecem na poeira mais ignominiosa da História, a mesma donde surgiram. Hoje ninguém se lembra de quem foram os seus carrascos, quais os seus nomes, mas todos sabem quem foi esse grande poeta espanhol de seu nome Frederico García Lorca, um dos maiores, senão o maior de Espanha do século XX. (Ouçam a grande homenagem que esse grande cantor catalão, Pátxi Andión, lhe faz num poema chamado "Verde"). Enfim, são estas as partidas que a História e o destino nos reservam. Se calhar o seu sacrifício só veio ampliar, a nível mundial, o seu nome e a sua poesia. Mas isso são questões que normalmente os tiranos e seus sequazes não sabem avaliar, porque a tal não lhes chega o "engenho e a arte".
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