Equivocos da democracia portuguesa - 2
Ainda no rescaldo da entrevista dada ontem de Manuela Ferreira Leite à RTP1, vem hoje Pacheco Pereira reforçar o que dissemos ontem. No seu blog, Pacheco Pereira vem mostrar o seu incómodo e o seu desencanto com algumas coisas que se passaram nas listas do PSD para as legislativas. A inclusão de nomes como António Preto e Helena Lopes da Costa não prestam um bom serviço ao PSD e muito menos à democracia, diz Pacheco Pereira que admitiu que engoliu alguns sapos para estar nas listas para apoiar o partido. Isto vindo duma figura de topo do partido como José Pacheco Pereira, é grave e indiciador do mal-estar nas hostes laranja. Assim sendo, não se compreende que na semana passada, na "rentrée" do PSD na habitual festa do Pontal no Algarve, Aguiar Branco tenha recorrido à baixa política de nomear o caso Freeport e o caso Eurojust, para dizer que o governo está sob suspeição. Como pode um membro da Comissão Permanente descer tão baixo, esquecendo figuras dentro do seu partido como António Preto e Helena Lopes da Costa, para já não falar no Conselheiro de Estado Dias Loureiro ou no ex-ministro da saúde Arlindo Carvalho. Ontem, quando questionada por Judite de Sousa sobre os diferentes pesos e medidas que levaram à inclusão nas listas de nomes como António Preto e Helena Lopes da Costa, e outros com tratamento diferente como, Valentim Loureiro e Isaltino Morais que sofreram repúdio por parte da líder do PSD, esta escodando-se na frase de que "eram situações diferentes" lá foi deixando de responder a tão incómoda questão. Afinal em que ficamos. A política de seriedade é apenas uma fachada ou tem outros intuitos como o de favorecimento pessoal de algumas pessoas, conforme a afirmação que é tão badalada no interior do partido. Esta falta de seriedade política começa a dar sinais preocupantes. A política do vale tudo não deve ter espaço. Veja-se o caso de Maria José Nogueira Pinto. Mas não pensem que é só no PSD que assistimos a estas trapalhadas. O PS não fica atrás e também se tem vindo a envolver em casos menos transparentes, sobretudo na tentativa de inclusão de pessoas que foram ou são próximos do Bloco de Esquerda. Veja-se o caso Joana Amaral Dias. Parece que cada vez mais estamos próximos dos dirigentes desportivos com as suas polémicas e picardias. Corremos o risco de olhar para os partidos como se fossem o clube de futebol e as transferências que se fazem no início do campeonato. Onde está o sentido crítico? Quão longe vão os tempos dos grandes parlamentares e dos grandes líderes partidários. Hoje estamos sobre o efeito de pequenos amanuenses da política, cada vez mais afastados da realidade e das pessoas que os elegem. Oxalá que não viemos a sofrer por tudo isso. Estejamos atentos aos sinais, eles estão aí, insinuando-se duma forma tão ruidosa que é difícil de aceitar que ninguém ainda tenha dado por nada, ou se deram, fazem de conta.
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