Equivocos da democracia portuguesa - 11
Depois de terminados os famosos e publicitados debates televisivos ficamos com a sensação que para além dos estilos de cada um, das picardias que acontecem nestas coisas, ficou um sabor a pouco. Para os candidatos com mais experiência televisiva foi interessante ver como se iam desembaraçando dos seus opositores. Para os com menos experiência terá sido um tormento. O que nos pareceu de tudo isto, foi a grande sinceridade de Jerónimo de Sousa que, pensamos, comoveu toda a gente. Todos os outros ficamos com a sensação de mais do mesmo. Excepção feita a Manuela Ferreira Leite que mostrou uma total inexperiência, coisa difícil de entender, a uma pessoa que anda na política à muitos anos e que até foi ministra. Mas se podemos aceitar algumas "gaffes" motivadas, talvez, pelo nervosismo, ontem, no debate com José Sócrates passou das marcas, perdendo o sentido de Estado inclusivé, quando faz uma grave acusação a Espanha, por causa do TGV. Se Manuela Ferreira Leite for primeira-ministra vai ter que se entender com todos, e sobretudo, com a vizinha Espanha, nossa única fronteira natural. Será que Manuela Ferreira Leite pensa que o governo espanhol já não sabe disto? Será que pensa que aquilo foi uma conversa privada num gabinete sem testemunhas? É duma tremenda irresponsabilidade a afirmação que fez, digna dum principiante da política. A juntar ao desconhecimento de alguns assuntos, ao "esconder" (as áspas, é porque não sabemos se foi intencional ou mais uma "gaffe" ou se não o pode revelar) de outros, deixa-nos preocupados. Ficamos com a sensação que Manuela Ferreira Leite não está preparada para o cargo, o que deixa antever que, caso venha a governar, será uma "pivot" de outras forças no PSD que a empurrarão, ora para um lado, ora para outro. Penso que Portugal está de novo na fronteira da ingovernabilidade, porque dificilmente haverá uma maioria absoluta, e o governo que sair será frágil, a não cumprirá a legislatura. Marcelo Rebelo de Sousa já lhe deu no máximo dois anos. Isto pode ser muito grave para Portugal, sobretudo no momento difícil que atravessamos. Ficamos com a sensação que a votação será no mal menor, e isto, fruto da situação com que Portugal se defronta invariavelmente em diversos ciclos políticos da sua História. Já o foi na monarquia, depois na república, e agora, estamos perante o mesmo. Sempre criamos uma bipolarização entre duas forças, sempre as mesmas, que alternam no poder não dando espaço para outras políticas e outras propostas. Pensamos que o futuro se apresenta sombrio, o tempo dirá se temos razão ou não.
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