Equivocos da democracia portuguesa - 8
Voltamos hoje à figura do ex-ministro da indústria Manuel Pinho. Este ex-ministro tem congregado à sua volta uma unanimidade que, infelizmente, nunca teve enquanto ministro. A política, diria mais, a "coisa pública", é devoradora de pessoas e de ideias. Poucos são os que sobrevivem e são de facto bons. Manuel Pinho é um caso desses. Apoucado por muitos que não têm, nem o conhecimento técnico, nem o saber necessário para lhe atirar um dixote, quanto mais uma pedra. É a filosofia dos medíocres que faz furor um pouco por todo o lado, e Portugal não é excepção. Muito recentemente, o nome de Manuel Pinho foi dado a uma rua, em prol do bem que fez enquanto ministro. Tem sido convidado para jantares e reuniões com homens ligados ao patronato, bem como, ligados aos trabalhadores. Poucos na política se poderão gabar de tal. Manuel Pinho não era um político de carreira. Eram habituais algumas "gaffes", fruto não da ignorância, mas de alguma "leveza" que cultivava, e que o meio político não tolera. Era evidente que, Manuel Pinho era um homem sério, competente e honesto, que deu o seu melhor ao país, disso estou certo. Ele ficará sempre lembrado como o homem que fomentou as energias renováveis em Portugal, outros mais tarde, aparecerão a herdar a obra e a se apropriarem dela, mas estou convencido, que a História fará justiça a este homem. Manuel Pinho só tem paralelo entre nós, com o antigo ministro das obras públicas do regime anterior, de seu nome Duarte Pacheco. Hoje, são inúmeras as ruas e viadutos que lhe prestam homenagem, ostentando o seu nome. Contudo, muitos desconhecem que ele era uma espécie de "enfant terrible" da política e que era detestado por Salazar. A sua morte num acidente de viação em Lisboa, nunca foi esclarecida, embora tenha corrido o boato de que tinha sido provocada pela polícia política do regime a mando de Salazar. Mas a História lá lhe fez a devida homenagem. Duarte Pacheco foi um idealista, talvez o maior visionário depois do Marquês de Pombal. Foi o homem que transformou Lisboa, fazendo dela uma cidade, em vez do vilarejo que encontrou. Manuel Pinho, na senda destes, foi-se afirmando e estou ciente que a História não o esquecerá. Ele foi vítima de si próprio, após uma infeliz provocação daqueles que mais têm patrocinado a agitação no país, que têm manipulado professores e forças de segurança, que quase romperam as negociações na Auto-Europa, ao fim e ao cabo daqueles que defendem o "quanto pior melhor". Esses também, estou certo, a História não os esquecerá, só que por razões diversas.
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