Turma Formadores Certform 66

Saturday, October 03, 2009

Equivocos da democracia portuguesa - 23


Ainda a polémica das "escutas", como ficará para a História, e a trapalhada presidencial que continua a agitar as águas cá do burgo. Como já tínhamos dito, à uns dias atrás, o director do Público não iria resistir muito tempo no cargo. Demos-lhe seis meses, mas afinal será muito antes, abandonando o mesmo já no fim deste mês. Mas as trapalhadas ainda não ficam por aqui, porque agora temos as comemorações do 5 de Outubro que não contarão com o discurso presidencial, como era hábito. Argumento: não perturbar as eleições autárquicas. Espantemo-nos!!! A mesma pessoa que no início da campanha fez aquele discurso infeliz, que lhe pode, inclusivé, custar a reeleição, bem agora invocar a serenidade e contentação necessárias ao desenrolar da campanha eleitoral autárquica. Mais uma "embrulhada" de Belém, que é difícil de acreditar. Acho que esse é que é o problema, é que a partir de agora, temos muita dificuldade em perceber as diatribes de Cavaco Silva. Desde o momento em que decidiu fazer "um discurso mais de acordo com um chefe da casa civil do que de um Presidente da República" - a frase é de Marcelo Rebelo de Sousa - as afirmações de Belém perderam muito da credibilidade que até aqui inspiravam. Aliás, subscrevemos o pedido de Marcelo Rebelo de Sousa, na mesma intervenção, quando disse que "esperava que o PR não voltasse a fazer um discurso pouco digno do cargo que ocupa, mais parecido com um discurso do chefe da sua casa civil". Mas no rescaldo de tudo isto, ainda as eleições que agitam o PSD, e uma MFL que quer ficar até Maio, para a seguir entregar a liderança a Paulo Rangel, vai contando com a cada vez maior oposição interna. Desde logo Pedro Passos Coelho - o perigo do animal ferido - mas também, outros que defendem Marcelo Rebelo de Sousa. O certo é que este ainda não fechou a porta. O "slogan" é, "se não consegues par, chama o Marcelo". Aliás este, como hoje, o outro "espinho" que é Luis Filipe Menezes, têm sido muito cáusticos, quer com a situação no PSD, quer com a atitude face ao que veio de Belém. Há até quem se interrogue se o discurso de Belém, teria a ver com o criar duma situação que levasse ao presidencialismo, tal a posição que o PR irá representar no futuro próximo, mas também, com o tom desajustado dum discurso presidencial, mais típico de alguns líderes da américa-latina. Contudo, e no meio disto, Sócrates lá vai tentando, discretamente, formar governo, embora nos "tentaderos" se vá falando num governo para dois anos, o que a ser verdade, nos dá mais um sinal da instabilidade reinante nos bastidores, numa fase em que o país pede que se concentrem esforços na recuperação. Várias instituições, desde os sindicatos até às representações patronais, têm feito este apelo. Estas últimas têm, inclusivé, pedido que se criem condições para Sócrates governar com tranquilidade. A ver vamos, mas temos a sensação de que a procissão ainda vai no adro, e este é apenas um dos muitos episódios a que teremos que assistir.

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