Equivocos da democracia portuguesa - 22
Hoje quando abrimos os jornais, os noticiários televisivos ou a informação on-line através da internet, verificamos uma quase total unanimidade sobre a comunicação de ontem do Presidente da República. Afinal o Presidente utilizou cerca de doze minutos do nosso tempo e não disse nada, ou pelo menos, o que foi dito, não foi perseptível para a esmagadora maioria dos portugueses. Conseguiu pôr de acordo todos os partidos, quanto à contestação do mesmo, o que convenhamos, não é habitual. Mas algo de estranho se passa em Belém. (Veja-se o incidente diplomático com o Vaticano e o Episcopado sobre a visita do Papa Bento XVI). Nega-se a utilização de assessores na campanha do PSD, e até se questiona sobre como o PS sabia disso. Muito facilmente, porque era do domínio público. O jornal Semanário tinha publicado a notícia, e como se não bastasse, o site oficial do PSD informava isso mesmo, que Eduardo Catroga estava a elaborar o programa do PSD com o apoio de assessores de Cavaco. Mas ainda mais estranho é a colaboração e elaboração do programa da agricultura do CDS/PP, bem como, as jornadas onde ele foi discutido que contou com o Eng. Severiano Pinto - também assessor de Cavaco - que até criticou o ministro da agricultura, dizendo que "tinha destruído o ministério". Como já ontem dissemos, não vemos mal nenhum na colaboração de assessores, Cavaco também não, mas afinal porquê a polémica? Mas o que continuamos a não perceber é o famoso e-mail, bem como, o que se passou sobre o pretenso assessor e o Público. Não deixa de ser curioso que hoje, o director do Público venha dizer que "é necessário que Cavaco dê mais esclarecimentos do que aqueles que deu". Será que o Público acha que foi usado por alguém que, dizendo-se mandatário do Presidente da República - seja real ou fictícia essa representação - terá solicitado a notícia? O problema só existe porque o DN publicou o e-mail. Se é legítimo ou não a sua publicação é uma outra questão, mas se tal não tivesse vindo a lume, estamos certos, que nada disto tinha aparecido porque afinal devia haver mais, algo que ontem não foi capaz de esclarecer, porque não quis, ou porque não sabia, ou porque não podia. Pela primeira vez desde o 25 de Abril, o Presidente da República acabou por dar um contributo de instabilidade. Pensamos que, como António José Teixeira afirmou hoje, "o Presidente não mostrou sentido de Estado". É uma acusação grave, mas que reflecte bem o que a maioria dos portugueses sentiram. Todo este "folclore" não é compreensível, a menos que não pretenda indigitar José Sócrates para formar governo, o que seria grave. De toda esta embrulhada fica a frase "é preciso ajudar o Sr. Presidente da República a findar o mandato com dignidade". Quem a proferiu foi Cavaco Silva, então primeiro-ministro referindo-se a Mário Soares que era o presidente da república. Talvez Cavaco se esteja a expôr a que alguém lhe devolva esta frase num futuro próximo. Mas para além de tudo isto, o país continua com sérios problemas, o desemprego a aumentar descontroladamente, e estes senhores a falar não se sabe bem de quê. Não seria melhor descerem do Olimpo e conjugarem esforços para que o país melhore e com ele as suas populações? Esta, pensamos, seria a mensagem, que todos os portugueses entenderiam e apoiariam incondicionalmente.
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