A crise financeira e a recessão - XXXII
Voltamos a manifestar a nossa preocupação pela situação económico-financeira que se verifica no seio da UE e, consequentemente, em Portugal. Como já referimos em tempo oportuno, a UE, para além do carácter de integração dos vários países europeus, tem-se centrado no aspecto económico em detrimento do aspecto político que tudo move, quer queiramos quer não. As exigências da Alemanha a que temos assistido nos últimos dias, poderão levar ao colapso económico de algumas economias da zona euro e, em definitivo, ao fim do euro, que a verificar-se, poderá pronunciar o fim da própria UE. A visão liberalista que tem liderado a UE nos últimos anos, - vidé as posições de Durão Barroso -, tem conduzido esta para um beco sem saída. A Alemanha em conjunto com a França, tem vindo a defender um orgão de supervisão dos vários orçamentos de Estado dos diferentes países, em especial, daqueles que têm vindo a revelar maiores dificuldades, como são o caso da Grécia, Espanha e Portugal. Embora não enjeitemos esta solução, visto estes países terem historicamente apresentado algumas dificuldades para implementar os seus orçamentos, bem como, o rigor que eles necessitam apresentar para fazer face às dificuldades vigentes. Contudo, isto não deixa de ser uma ingerência dos grandes países face aos mais pequenos, pobres e periféricos. Mas se não se tomam cautelas - já aqui defendemos várias vezes que a Sra. Merkel não sabe nada de economia, e os seus conselheiros nem sempre apresentam as melhores soluções - o rigor excessivo levará a que alguns países tenham que sair da zona euro, enfraquecendo este e levando a que os especuladores se posicionem sobre outros países, levando ao colapso da moeda única. Ora, o euro foi um dos patamares maiores da consolidação da UE, - diríamos mais, uma espécie de cimento da própria UE -, mas o seu inverso também é verdadeiro, a saber, que se o euro colapsar a UE estará em maus lençóis podendo mesmo vir a desagregar-se. Estamos convencidos que, se tal vier a verificar-se, Portugal ficará numa pior situação do que aquela em que hoje se encontra, isolado e sem o apoio dos outros parceiros como até agora, melhor ou pior, tem acontecido. George Soros, o famoso economista húngaro que muito admiramos, já foi alertando para o perigo disto vir a acontecer, e as gravosas implicações que daí adviriam para todos os países membros, mesmo os maiores, que poderão pensar que estão acima de tudo isto, mas que certamente poderão ser apanhados num efeito borboleta dos restantes parceiros. A crise e a recessão que vai permanecendo em alguns destes países, veio para ficar, como já em tempo afirmamos. A consultora Ernest & Young já veio dizer, na sua última projecção, que a recessão não se decipará antes de 2012. Achamos esta previsão, apesar de tudo, bastante optimista. Em tempo útil dissemos que esta situação se poderia prolongar bem mais para além desta data, e estamos certo que tal acontecerá, (infelizmente para todos nós), o que leva a que consideremos que a projecção da Ernest & Young nos pareça muito bondosa. Mas vamos estando atentos à evolução de tudo isto, bem como, do comportamento das várias economias da UE, e esperar que apareçam saídas para evitar males maiores.
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