Turma Formadores Certform 66

Sunday, May 29, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 103

E a campanha lá vai andando, com o cortejo de insultos dum lado e do outro, mas nunca uma palavra para esclarecer os portugueses sobre os problemas que estamos a enfentar. E por vezes até chega a ser caricato, como foi o caso daquela senhora, já entrada de anos, que agarrando Passos Coelho lhe disse que desse uma ajuda à agricultura, e Passos Coelho ficou sem saber o que dizer. Mas o problema de Passos Coelho não é exclusivo dele, porque estes políticos não têm nada para dizer, porque vão ter que governar com o programa da "troika", por isso, apenas se está a escolher, nestas eleições, o rosto que vai aplicar o programa e não um governo, desenganem-se quanto a isso. Daí o desviar os temas para a brejeirice, o insulto, o caso diário que se trás para a campanha, apenas e só, porque não há mais nada para dizer. E no entretanto, nós assitimos a este cortejo de máscaras de gosto mais do que duvidoso, afogado num mar de sondagens (até diárias), que em vez de esclarecer os eleitores, apenas servem para os confundir mais. Mas os casos do dia continuam, agora Passos Coelho admite referendar de novo o aborto. (Achamos curioso que não esteja explícito no programa do seu partido esta medida). Nunca pensamos vermos o líder do PSD num retrocesso civilizacional, mas não vale desesperar para já. Porque se calhar daqui a dias ele virá dizer que não é bem assim, que não perceberam bem as suas palavras e por aí adiante. E não foi preciso esperar dias. Horas depois, Passos Coelho veio dizer que não propôs nenhum referendo ao aborto e até acrescentou que a quando do último referendo até votou... sim!!! Como bem disse Bernardino Soares: "Passos Coelho de manhã complica e à tarde explica". Mas, caso ainda existissem dúvidas, estamos agora certos, da sua impreparação e incapacidade para enfrentar os desafios sérios da governação que temos pela frente. Um PM assim, não serve aos difícieis desafios que temos que enfrentar. Mas também não menos lamentável é continuarmos a assistir a jornalismo de facção. Não temos nada contra esse tipo de jornalismo, mas então, que o canal em causa (SIC) diga aos seus espectadores ao que vem, para não termos que levar em cima com um jornalista - que até confessou que enquanto esteve nos EUA sempre votou republicano - que, a coberto da pluralidade da estação, esteja sempre a condicionar o voto numa certa área. É lamentável para quem o faz, e mais lamentável para a estação que o permite. Parece que o dito jornalista ainda não digeriu bem a sua saída da RTP à muitos anos atrás. Mas nós, nada temos que ver com isso, apenas temos que exigir um jornalismo imparcial, limpo. Depois foi o tema dos dois documentos da "troika" e afinal, o PSD que levantou o tema, vem agora dizer que afinal a diferença não existe, é apenas de questões pontuais, mas, como diz o povo "apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo", e foi o que aconteceu com Passos Coelho, que lá acabou por dizer - por lapso, com certeza - "que o programa da "troika" ajuda o PSD a aplicar o seu programa". Em Braga - como já era esperado - os adeptos de PSD e PS envolveram-se em escaramuças que em nada dignifica a tolerância democrática. É impressionante que os directores de campanha, sabendo disso, não organizem as coisas a evitar este triste espectáculo. Sabemos que os militantes do PSD criaram as condições para que tal acontecesse - notícia confirmada por Anabela Neves jornalista da SIC - mas que não haja ninguém responsável para refrear os ânimos e dizer aos militantes do PSD que a convivência e a tolerância são os pilares da democracia, é que achamos estranho. Claro, como veremos ao longo do mandato, caso Passos Coelho seja eleito, este perante a confusão... fugiu. O mesmo Passos Coelho que tanto lutou para afastar os ditos "barões" do seu partido e que agora, estranhamente, não consegue passar um dia sem que um ou vários estejam a seu lado. Até Ferreira Leite que ele tanto criticou e contra a qual se apresentou na disputa da liderança do PSD. Isto significa que, ou Passos Coelho já não confia nos seus - até os manda de férias para o Brasil para se calarem - ou, os "barões" já tomaram conta da candidatura do PSD e a controlam duma forma sibilina. Daí as afirmações de Pacheco Pereira a dizer que "não recebo lições de Passos Coelho" depois deste o acusar de fazer campanha contra o seu próprio partido. Numa semana cheia de casos, como vem acontecendo sempre, agora Cavaco parece também não escapar, depois do Expresso ter publicado que o PR tinha dúvidas da eficiência do governo com apenas dez ministérios. Embora Cavaco tenha vindo desmentir a informação, o Expresso mantém a "caixa", o que levou a algum desconforto entre os seguidores de Passos Coelho. Como bem disse Sócrates: "Governos com dez ministros só em Andorra e San Marino", para concluir com a habitual acusação de que Passos Coelho está a ser populista. No meio desta confusão, continuamos a dizer, que Paulo Portas tem feito uma campanha serena, inteligente e com ética - coisa difícil de ver nestes momentos - que, estamos certos, dará os seus frutos no final. Mas tenhamos paciência, só falta mais uma semana para tudo isto terminar, e ver se finalmente, nos debruçamos sobre aquilo que é importante, a saber, Portugal e os portugueses.

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