"Os Portugueses" numa visão de Barry Hatton
Hoje trago-vos um livro surpreendente que me caiu nas mãos duma forma verdadeiramente extraordinária, chama-se "Os Portugueses" e é da autoria do jornalista inglês da Associated Press, Barry Hatton. Não deixa de ser uma visão muito interessante que este jornalista tem do país que somos, do povo que somos, dos nossos anseios e frustrações, olhadas por um estrangeiro com o distanciamento que, uma raíz cultural muito diferente da nossa, lhe dá. Portugal é membro de direito da União Europeia, um dos fundadores do euro e membro fundador da NATO. No entanto, é um país que passa despercebido e é largamente ignorado, no seu extremo sudoeste do continente. Barry Hatton faz incidir uma luz sobre este enigmático canto da Europa, ao misturar a análise histórica com divertidos episódios pessoais. Descreve as idiossincrasias que tornam os portugueses únicos e percorre os acontecimentos que os conduziram até ao ponto em que se encontram hoje. Portugal, que se orgulha das mais antigas fronteiras fixas da Europa, ocupa apenas 562 por 218 quilómetros. No interior desse espaço, contudo, oferece um mosaico de belas e largamente diversificadas paisagens. Com um descontraído e sedutor estilo de vida, expresso da forma mais clara no seu gosto pela comida, os portugueses têm também uma veia anarquista, evidente em muitas facetas da vida contemporânea. Jornalista veterano e comentador de Portugal, o autor traça um retrato íntimo de um país e de um povo fascinante e, por vezes, contraditório. Quanto ao autor, Barry Hatton, nasceu em Doncaster, Inglaterra, em 1963. Estudou Germânicas no King's College, Universidade de Londres, mudando-se para Portugal em 1986. Trabalhou como repórter no jornal Anglo-Portuguese News, no Estoril, e, em 1992, tornou-se correspondente em Lisboa da agência de notícias United Press International. Desde 1977 é correspondente da Associated Press, cobrindo a actualidade política, económica e desportiva de Portugal. Escreveu, com Luísa Beltrão, uma biografia da primeira mulher a ser primeira-ministra em Portugal, Maria de Lurdes Pintassilgo. Este livro é uma espécie de psicanálise da alma lusa que merece a nossa atenção e reflexão, uma espécie de catarse da nossa vivência com os sinais duma ditadura duradoura ainda a fazer os seus estragos na nossa maneira de ser e agir. Neste mundo de contraste, como dizia Fernando Pessoa, "o povo português é, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo"; mas também, no gosto de viver a vida que tão bem foi traduzido por Miguel de Unamuno quando afirmou que "quanto mais lá vou (a Portugal), mais quero lá voltar". Este é um livro fundamental e muito interessante e, como diria um conhecido jornalista, "rigorosamente a não perder". A edição é da Clube do Autor.
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