Conversas comigo mesmo - XXIII
Nestes períodos conturbados que agora vivemos, a Fé é algo em que muitos se refugiam para enfrentar as agruras da vida. Mas a Fé não é uma redoma que nos protege da intempérie, nem um seguro que nos garante uma travessia da vida, sem problemas nem angústias. Pelo contrário, como nos preveniu Jesus, temos de estar preparados para enfrentar ventos contrários bem como as dificuldades e tormentas que eles nos podem criar e criam tantas vezes. O que a Fé nos garante é uma presença que sempre no envolve e nos diz, também, nessas ocasiões: "Tende confiança. Não temais. Eu estou convosco!". Uma presença capaz de nos transmitir a luz e o ânimo, a paz e a esperança de que necessitamos para prosseguir a viagem e a luta. A oração é a porta que abrimos para que essa presença - a presença de Deus - seja real e actuante entre nós. O próprio Jesus nunca dispensou o Evangelho. Depois de um dia agitado cheio de movimento, canseiras e emoções, Ele procurou um tempo e um espaço de recolhimento e de silêncio, não apenas para restaurar forças e equilíbrios, mas, sobretudo, para um encontro mais profundo com o Pai. Ele é, na verdade e fundamentalmente, um Homem de oração, pois de tal modo é profunda e constante a sua ligação ao Pai e o seu diálogo com Ele. A oração em Jesus nunca é fuga para fora da vida, mas a sua parte integrante, algo em relação constante com a sua missão e atenção permanente à vontade do Pai. Por isso não a dispensa. E nós - que até nos dizemos cristãos?
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