Equivocos da democracia portuguesa - 130
Apesar do defeso político, mesmo assim, não deixam de se verificar alguns episódios recambulescos na nossa democracia. Desde logo, a tão polémica e despesista Madeira. Alberto João conseguiu um triste record, duplicou a dívida do território em apenas cinco anos. Isto diz bem da política que está a ser seguida à mais de trinta anos e que ninguém - dentro do PSD - parece querer ver. Agora, como dizia alguém, Alberto João já "não tem mais autonomia para disparates". É fácil fazer obra com o dinheiro dos outros, mesmo obra inútil apenas para ganhar eleições e dar dinheiro a ganhar aos parasitas que gravitam à sua volta, veja-se como exemplo, o que aconteceu a quando dos temporais que por lá se verificaram à dois anos. Isto é uma amostra da irracionalidade dos investimentos feitos, e do desperdício de dinheiros públicos, que vão daqui do Continente para serem enterrados nesse sorvedouro jardinista. Agora que se vê em maus lençóis, João Jardim até se diz de esquerda, num arremedo populista dos muitos que teve ao longo da sua estadia política no território. (Também Hitler e Mussolini o afirmavam e vejam lá no que isso deu). Por cá, as coisas não andam melhor. Passos Coelho continua sem saber bem o que fazer, e a alteração da TSU será, seguramente, a maior "batata quente" que terá que enfrentar nos próximos tempos. Com isso, que será compensado com o aumento do IVA, levará a que muitas empresas, já a braços com imensos problemas, tenham que encerrar, engrossando assim, o cortejo de desempregados que já é assustador. (Vejam o que pensa Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) sobre esta matéria, não deixa de ser ilucidativo vindo dum militante do PSD). E não se deixem iludir com a diminuição do desemprego - apenas umas décimas - porque estamos no Verão e o emprego sazonal tem, nesta época, o seu melhor período. Depois vamos assistindo à confusão generalisada em torno da privatização da RTP. O governo decidiu que vai privatizar parte da estação oficial, mas se assim é, é incompreensível a "dica" de Miguel Relvas sobre o querer levar Mário Crespo para a estação. Quem compra, não tem que levar em cima com uma pessoa com que pode nem estar de acordo, a menos que isso signifique que se vende a RTP, mas o pessoal fica a cargo do Estado, como aconteceu com a desastrosa negociação do BPN. MRS afirmou isto e bem, ele que parece estar a ficar preocupado com a deriva do governo do seu partido. Mas para aumentar ainda mais a confusão, o governo decidiu criar uma comissão para estudar o assunto. Que trabalho vai fazer a comissão, se o governo já decidiu vender? Será uma maneira de arranjar mais uns dinheirinhos para alguns "boys" desfavorecidos? Também aqui MRS se mostrou desagradado e com razão. Mas os equívocos continuam, numa semana que foi fértil neles. Este prende-se com o tão vilipendiado TGV, bandeira que foi agitada pelo PSD contra o governo anterior. Agora, parece que afinal o TGV que era para pôr de lado, pode vir a avançar!!! Neste emaranhado de confusões e mentiras, a classe política sai, mais uma vez, perfeitamente enlameada e desacreditada face à opinião pública. Para aqueles que achavam que Passos Coelho era a solução, talvez já se tenham arrependido - embora no silêncio da consciência - mas, não nos esqueçamos, que este governo tem apenas dois meses, e com este ritmo de disparates arrisca-se a entrar para o "guiness". Mas lá por fora, as coisas não andam melhor. Porque a UE é constituída por países com governos fracos e sem ideias como o nosso, não seria de esperar outra coisa. O modelo ultraliberal que é determinista hoje na UE - o mesmo modelo que existe em Portugal - é enfermo e refém de si próprio. Não está ajustado à nova realidade e a "histérica" Sra. Merkel é bem o exemplo de tudo isto. Merkel e Sarkozy - esse par "romântico" da política europeia - tiveram a ideia peregrina de criar uma espécie de governo europeu - e um ministro das finanças europeu -, para se impôr aos países, nomeadamente os periféricos, no controle das contas. Desde logo desautoriza a Comissão Europeia e Barroso, que em boa verdade não sabe o que anda a fazer - mais um ultraliberal -, mas impôr uma tutela sobre os outros países é um pouco demais. Merkel já se esqueceu que o seu país precisou da ajuda dos outros a quando da reunificação e ninguém lhe cobrou nada por isso. Sarkozy, mais preocupado com as mulheres do que com o seu país, ainda não viu que a economia francesa está estagnada, e que a curto prazo, pode vir também a precisar de ajuda. Quando às "eurobonds" nem é bom falar, porque seriam demasiado federalistas para uma UE ultraliberal que está a ser empurrada por estes para o abismo e desagregação. Não auguramos nada de bom para esta UE e para o euro se até lá não se arrepiar caminho. Mas para isso acontecer, seria necessário que aparecessem na Europa verdadeiros estadistas, como já existiram num passado recente, e não continuar a ser governada por cretinos que de economia nada sabem e que têm como único objectivo destruir o projecto europeu. Se a Europa está a ser governada por uma histérica e um mulherengo, por cá, como diz Frei Fernando Ventura, "vivemos numa barraca com um submarino à porta" e, já agora, acrescentamos nós, com uma parabólica para ver-mos os disparates que lá por fora se fazem em nome de todos nós, europeus. O futuro apresenta-se sombrio e as expectativas são cada vez mais baixas. Não nos surpreendamos que a rua comece a falar. E, talvez, isso seja urgente. Citando ainda Frei Fernando Ventura, "é tempo dos não violentos trazerem para a rua a revolução, antes que os violentos a tragam para a rua".
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