Equivocos da democracia portuguesa - 127
Apesar do período de férias, estes dias não têm deixado de ser férteis em equívocos, e por isso, nos vemos forçados a voltar a este espaço. Desde logo, o caso do líder da JSD da Madeira - Jaime Ramos - que foi protagonista dum episódio pouco dignificante no protetorado de João Jardim. Ele, após uma rixa num bar, acabou por urinar num carro da PSP. Se fosse com outro, era logo intimado e sabe-se lá mais o que lhe aconteceria, mas Jaime Ramos apresentou-se como líder da JSD da Madeira e teria avisado os agentes que "bastaria um seu telefonema para o comandante e o assunto morria ali mesmo". Quando os "media" fizeram eco do caso, João Jardim veio afirmar que "este senhor era membro permanente da Comissão Política e no governo regional e que o melhor era deixar as coisas assim, porque tudo não passava de mais um caso inventado pelos jornalistas". Como a barulheira dos "media" não parou a PSP - depois de ter passado muito tempo - lá acabou por levantar o auto que deveria ter levantado a quando do acto. Isto diz bem dos "complots" que existem na Madeira onde Alberto João compra tudo e todos amarrando-os depois com a sua mão de tiranete. Mas Alberto João ainda não percebeu que está a ir longe de mais? Só para dar um exemplo, o déficit da Madeira - comparado com o do Continente - é incomensuravelmente maior. "O dinheiro nunca chega por mais que se dê" afirmou o director-adjunto do Expresso, João Garcia. E acrescenta "até Guterres limpou o déficit da Madeira agravando assim as contas no Continente". Porque é que o PSD não põe na ordem este "tiririca" madeirense? Porque lhe tolera tudo sem pestanejar por mais insolente que ele se apresente? Que é que ele saberá que faz tanto medo a todos os dirigentes do PSD que não o enfrentam? Mas os equívocos não ficam por aqui. Soubesse no último dia acordado com a "troika" - dia 31 de Julho - que o assunto BPN ia finalmente ter um desfecho. Depois de várias propostas apresentadas, o ministro das finanças acabou por fazer o acordo com o BIC-Angola. Até aqui tudo parece normal. Mas o mais estranho é que, segundo se conhece, esta foi a proposta mais baixa apresentada!!! Porque é que Vítor Gaspar acaba por vender o BPN à proposta menos lucrativa para o Estado? Não deixa, também, de ser curioso que o homem que conduziu a negociação foi o líder do BIC-Portugal, Mira Amaral, um ex-ministro de Cavaco Silva!!! E aqui é que o problema se levanta. A proposta de venda de 40 milhões de euros foi a mais baixa de todas, e ainda soubesse que, ela pressupõe o despedimento de cerca de 750 trabalhadores quando havia outras que não implicavam despedimentos!!! (Acresce ainda que as indemnizações dos trabalhadores dispensados correrá a expensas do Estado, ou seja, de todos nós, bem como, os respectivos subsídios de desemprego. E já agora, quem vai gerir o fundo de pensões dos trabalhadores?). Porque será que isto aconteceu? Será que isto já pressupõe algo mais abrangente, criando condições para os angolanos se posicionarem para as privatizações que se seguirão? Por mais justificações que se dêem, a dúvida permanecerá sempre, dando a entender que se trata de mais um "arranjinho" político para servir próximos do partido do poder e do próprio governo. Agora ficou-se a saber que havia um grupo de investidores portugueses que pagava mais de 100 mil milhões de euros e mantinha os postos de trabalho!!! O mistério adensa-se... Para dar explicações sobre este caso BPN foi chamada ao governo a secretária de Estado do tesouro. Porque não o ministro? De que tem medo o governo quando inviabilizou a proposta da oposição para ir lá o ministro? Agora fala-se de que o Montepio só queria comprar partes do banco. Mas foi isso mesmo que comprou o BIC! E ainda por cima, o Estado tem que injectar 200 mil milhões de euros para recapitalizar o banco, bem como as indemnizações e fundo de desemprego daqueles mais de 750 trabalhadores que vão para a rua. Para quem prometeu tanta transparência não deixa de ser estranho que este acontecimento - como outros - estejam a tornar Passos Coelho cada vez mais desfocado na fotografia. Entretanto, Vítor Gaspar já veio dizer que a economia portuguesa vai decrescer nos próximos 9 trimestres com o inevitável aumento do desemprego. Enquanto o seu homólogo da economia contrata uma super-chefe de gabinete que ganha mais de 50% do que ganhava a sua antecessora!!! Porquê? Porque o ministro a acha "boa"(sic)!!! E não têm vergonha de pedir cada vez mais sacrifícios aos portugueses. Mas este governo, embora esteja no poder a pouco mais de um mês, tem-se vindo a embrulhar em trapalhadas que nunca mais acabam. Agora foi a polémica chamada teste para o INEM, enquanto o seu director prestava declarações na AR. É vergonhoso e até criminalmente imputável este tipo de atitude. Qualquer cidadão que o fizesse, se fosse detectado, era punido, o PSD seguramente não. Esta revelação feita em directo na comissão de saúde da AR por uma obscura deputada, que por o ser, utilizou essa atitude para se tornar mais visível, - esquecendo que o seria pelos piores motivos -, veio pôr em causa o próprio dirctor do INEM. Mas as trapalhadas continuam, agora com Silva Carvalho, o ex-director do SIED, que afinal protagonizou fuga de informações para uma empresa privada - Ongoing - onde viria a ocupar um elevado cargo. Tudo envolto num emaranhado digno de qualquer 007 de série B. (E há até quem diga que o governo prepara um qualquer negócio para que a Ongoing tome parte da RTP! Veremos se é assim). Enquanto este festival de incongruências acontece, os contribuintes - todos nós - cá estaremos para pagar a conta do desaforo e da sem-vergonha. E, como se não bastasse, ainda vem, cabotinamente, preparar aquilo que chama de política social, embora se fique a saber que os mais pobres são portugueses de segunda, onde os medicamentos de fim de prazo podem ser prescritos sem qualquer problema. O ministro da saúde já veio dizer que não existe nenhum problema, mas será que ele sabe o que diz? Será que ele está disposto a tomá-los? Como os vão distribuir gratuitamente, talvez seja a forma legal de controlar a população, mas a mais pobre, não vá o diabo tecê-las!!! Agora até o dirigente das IPSS já vem dizer que estas estão a preparar-se para distribuir refeições, mas sem que a ASAE esteja por perto. Afinal, que é isto? Que está a acontecer no nosso país? Contudo, o governo que dar mostras de grande contenção de custos - que ainda não apresentou de forma sustentada - baixando as remunerações dos administradores da CGD! Baixam 6.400 euros(!) que não é mais do "peanuts" para usar a feliz expressão de José Adelino Maltez. Depois de ter destruído, ou em vias disso, o Estado Social, o governo prepara-se para destruir um dos marcos importantes do governo anterior, as Novas Oportunidades, que, como o nome indica, deu muitas oportunidades a muita gente. Mas o conhecimento e a cultura, são algo que o governo liberal não gosta - até acabou com o seu ministério - porque, tal como noutros tempos, quanto mais ignorante for o povo melhor. Mas lá por fora as coisas também não andam melhor. A UE vai estar a curto prazo a braços com mais um país em dificuldade, neste caso trata-se do Chipre. Os EUA têm andado numa grande confusão para a aprovação do novo "plafond" para a dívida. Os democratas acham que se devem aumentar os impostos para os mais ricos, bem como, sobre as maiores empresas. Os republicanos não concordam e acham que se devem baixar as despesas de saúde, com a forte pressão da ala mais conservadora, - o "tea party" -, muito próximos da extrema-direita norte-americana. É preciso lembrar que Obama pretendeu estabelecer uma espécie de SNS à europeia, visto a saúde nos EUA ser feita através de seguros, normalmente para os mais abastados, ficando os mais pobres de fora. (Nem tudo o que vem da América é bom e este é, seguramente, o melhor exemplo). E neste vai não vai, a agência de "rating" chinesa Dagong vai baixar o "rating" dos EUA porque acha que, embora vá haver acordo, os EUA não estão em condições de assumir os seus compromissos na totalidade. É preciso não esquecer que a China é o principal credor - detentor da dívida - dos EUA. Mas se a China o fez, não tardou que a Standard & Poor's baixa-se o "rating" americano de AAA para AA2. Agora, até os americanos acham que estes senhores não sabem fazer bem as contas, discurso bem diferente daquilo que diziam quando os países periféricos europeus dela necessitaram. Neste mundo cada vez mais a preto e branco em que vivemos, e perante esta avalanche económica e financeira que promete mergulhar o mundo numa segunda crise, a Sra. Merkel está de férias, pois então, que estas coisas não são para ela. Isto diz bem da falta de liderança da Comissão Europeia, de que muitos já falam, não escondendo o seu desagrado. Mas até que tudo isto seja corrigido ainda muita água há-de passar sob as pontes.
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