Turma Formadores Certform 66

Monday, July 18, 2011

Equvocos da democracia portuguesa - 124

"A Europa é um espaço frágil porque perdeu espaço neste momento" afirmação sábia - como sempre - do Prof. Adriano Moreira. De facto, a Europa vai-se fragilizando a cada dia que passa, e para quem tenha dúvidas disso mesmo, lembramos as palavras do ex-chanceler alemão Helmut Kohl quando afirmou que "Merkel está a partir a Europa". As atitudes da chanceler alemã têm pecado por muitas hesitações em momentos chave da UE, bem como por um sentimento paroquial de nacionalismo alemão que em nada vem ajudar a cimentar uma UE que nunca o foi de facto. À dias, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados - José Miguel Júdice - trouxe à colação uma afirmação que vimos defendendo aqui neste espaço à vários anos, a saber, a opção federalista da UE com vista à sua manutenção e sobrevivência como projecto comum. Dizia Júdice que no actual momento, "estamos em cima dum muro, ou caímos para a federalização ou deixamos de ter uma política económica e uma moeda comum". De facto, este é o grande dilema que se põe aos membros da UE e, desde logo, à Alemanha como motor dessa mesma União. Mas temos dúvidas que Merkel esteja preparada para este desafio. Em entrevista à conhecida revista norte-americana, "The Economist", Merkel afirma que "quando existe uma discussão dum assunto em que as opções estão em 50% para cada lado, não decide, espera para ver no que dá"!!! Ora, com esta visão das coisas, não parece que ela esteja à altura dos desafios que se colocam nesta altura à UE, que - como facilmente se conclui - carece cada vez mais de estadistas e Merkel não tem seguramente essa dimensão. Numa Europa cada vez mais deficitária em produtos alimentares, com algum atraso nas energias renováveis para fazer face ao preço do petróleo, tem necessidade de encontrar gente capaz para a dirigir e, não dar espaço - como está a acontecer - a que, cada vez mais, os eurocépticos ganhem cada vez mais espaço. Mas a Europa tem os líderes que merece como os estados têm os líderes que merecem, como é o nosso caso. Este novo governo que trouxe expectativas para os portugueses está revelar-se uma autêntica fraude. Começou por cortar nas viagens em executivo (mas só para a Europa!), quando afinal a TAP oferece a passagem; depois disse que não aumentava os impostos e a primeira medida que tomou foi arrecadar o equivalente a 50% do subsídio de Natal dos portugueses; teve reuniões com os professores antes da eleição para criticar Sócrates e o encerramento das escolas e agora propõem-se fechar 266 seguindo a tão "odiada" política de Sócates; Nuno Crato - o novo ministro da educação - está a braços com a maior regressão de resultados em Português e em Matemática já alguma vez vista; agora é a ministra da agricultura que acha - ao bom estilo populista do seu partido - que o segredo para poupar no ar condicionado é que os seus membros trabalhem sem gravata(!), o que levará a que qualquer dia cheguemos ao ministério e vejamos os seus colaboradores em bermudas ou com chinelos de dedo. Estas são, afinal, as grandes medidas que PSD e CDS/PP tinham para a redução da despesa quando eram oposição!!! (Por isso, é que talvez o ministro das finanças não tenha apresentado nenhuma medida do lado da despesa, por achar que era melhor assim face aquilo que vê no seu próprio governo). Este é o Portugal no seu melhor. Mas aquilo que vemos no governo acaba por se transmitir aos resto do país, e foi assim que soubemos pela comunicação social que a GNR se reforçou no Algarve, mas que os seus agentes andavam sem arma (!), logo corrigido, segundo as cheifias mas, o que é curioso é que se ao usá-la, estão a infringir a lei, porque são estagiários que ainda não tinham acabado o curso, e como tal, não têm licença de porte de arma. Depois (reapareceu nos jornais o caso Bernardo Bairrão), mais uma trapalhada do governo, que embora venha dizer que as afirmações do Expresso não correspondem à verdade - negando aquilo que, enquanto oposição, validaram quando foi da acusação a Sócrates do negócio da PT quando tomaram por certas as notícias do mesmo semanário - mas, o certo, é que não se conseguem distanciar de mais um embaraço. E como as semelhanças com o governo anterior têm que continuar, não deixou de fazer rolar cabeças, a primeira das quais foi o director da Lusa. Afinal, trocamos de governo mas a política continua a ser a mesma. Até Cavaco deixou cair os seus dogmas ideológicos defendendo agora a desvalorização do euro face ao dólar - medida que achamos correcta - embora nunca tenhamos visto Cavaco defendê-la antes. E ainda nos admiramos quando nos colocaram no "lixo"!!! E por falarmos em lixo, não podemos deixar de observar que a Moody's - de novo - veio baixar o "rating" dos bancos portugueses horas depois desses bancos terem passado nos "stress tests" a que foram sujeitos. Situação que até assume uma maior evidência quando oito bancos espanhóis não os conseguiram superar colocando em sérios riscos a Espanha e a economia espanhola que poderá vir a ter graves problemas no futuro. A confusão reinante em Portugal, ao fim e ao cabo, é a mesma que reina na Europa e que se vai transmitindo às populações que ficam sem saber que rumo as coisas vão tomar. O presidente do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) - Klaus Regling - acabou por concluir aquilo que todos já sabíamos, que "os empréstimos feitos a Portugal e à Irlanda têm dado dinheiro a ganhar à Alemanha" e conclui "só os contribuintes alemães não acreditam nisso". É caso para dizer que, os alemães, - tal como a Sra. Merkel -, têm que ter algumas lições de economia para ver se aprendem mais qualquer coisa. Nesta Europa confusa e sem rumo, vemos que a Itália poderá ser a próxima vítima, o que tem levado - finalmente - a alguma agitação dentro da UE. Se uma economia grande como a italiana cair já poderemos esperar tudo. Embora o problema é cada vez mais global e os EUA não estão a ser capazes de fugir dele. As infelizes declarações de Obama sobre Portugal dizem bem do desespero do presidente. Afinal, as guerras actuais são cada vez menos militares e mais económicas. É nos mercados que se joga o futuro dos povos numa senda a que ainda não podemos escapar. Para isso, talvez ajudasse a criação duma agência de notação europeia - que temos defendido desde à muito tempo - embora isso demore ainda. E logo veio Merkel dizer que sim "mas a médio prazo", porque ela não é mulher para pressas. O problema é o factor tempo, que pode ser determinante. Tempo que já não temos.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home