100 Best of Mozart
A EMI-Classics tem vindo a editar uma série denominada "100 Best of" para homenagear a música dita erudita. Desde o barroco, passando pelo classicismo e pelo romantismo, há de tudo um pouco nesta colecção que já leva muitos álbuns editados. Agora chegou-me à mão uma caixa com seis cd's sobre a magnífica música de Mozart. Nesta extensa colecção, são repescados alguns dos temas mais conhecidos do compositor e que, habitualmente, fazem parte dum qualquer "best of", como as sinfonias nºs. 40 ou 35. Contudo, esta colecção vai muito mais além, trazendo os célebres concertos para violino, para fagote, para clarinete e até uma sempre admirável interpretação dos "Canon em quatro partes", obras menos conhecidas e menos populares do compositor, embora não de menor importância ou brilhantismo. A colecção não esquece o grande contributo de Mozart para a ópera, onde se pode escutar excelentes interpretações de "O Rapto do Serralho", das "Bodas de Fígaro", do "Don Gionvanni", do "Così Fan Tuti", da "Flauta Mágica". Mas esta magnífica compilação vai ainda mais além, oferecendo-nos os quintetos, as serenatas, os duos, os quartetos de corda, os divertimentos, as serenatas. Numa viagem empolgante que nos sacia o espírito daquilo que de melhor a música nos pode dar. E este percurso ao universo de Mozart não estaria completo sem a incursão ao seu lado mais místico e religioso, desde logo com o "Ave Verum Corpus", passando pelo "Vesperae Solenne de Confessore" ou o "Exultate Jubilate", fazendo uma incursão às suas Missas e terminando, como não poderia deixar de ser, com a sua obra terminal, o "Requiem", obra que ficou inacabada e que viria a ser terminada posteriormente por um seu aluno, seguindo as indicações do mestre. Neste percurso pela vida e obra dum dos compositores mais populares do seu tempo, - como também do nosso tempo -, não deixam de aparecer as obras mais luminosas como os "Divertimentos", os "Concertos para Piano" ou as suas "Fantasias" e "Sonatas". Enfim, um pouco do muito que Mozart nos legou e que faz as minhas delícias. É uma obra, essencialmente, para aqueles que procuram o conhecimento da música dita clássica, daí o seu formato de "best of", mas é simultâneamente um deleite para os ouvidos e para o espírito. À que desmistificar este género de música, - até pelo epíteto de erudita -, porque ela é bem popular. Talvez não saibam, mas no tempo de Mozart estas músicas eram tocadas e trauteadas nas ruas, por gente simples do povo com quem Mozart sempre se identificou. Quem fizer o roteiro de Mozart - e eu já o fiz - desde a sua terra natal Salzgurg - que tanto o homenageia e que tão mal o tratou em vida -, até ao fim dos seus dias, encontramos amiúde o sentimento popular da sua música e como ela é conhecida e trauteada pelos mais simples. Música essencialmente para o povo. É bom lembrar que a sua ópera mais famosa a "Flauta Mágica" foi inicialmente interpretada pelo teatro de boudeville, uma espécie de teatro popular, onde Mozart teve grande sucesso. Assim, dispamo-nos de preconceitos e comecemos a ouvir esta verdadeira música celestial. O convite aqui fica e verão que não deixarão de dar por perdido o vosso tempo. Resta dizer que esta magnífica colecção da EMI-Classics é vendida a um preço muito acessível, exactamente porque se pretende que um número cada vez mais de pessoas - que habitualmente não escuta este género de música - a ela se convertam e logo com um grande compositor como este que hoje vos proponho. É um excelente bálsamo para ouvir em férias, para nos deleitarmos com o que de melhor se fez até hoje em música. E, sobretudo, para os mais jovens que se identificam com outras opções, normalmente, de consumo imediato e que rapidamente se esgotam na voracidade das editoras, talvez seja uma alternativa de qualidade para se ir formando o gosto através de outro diapasão. Por todas as razões aqui fica a sugestão. A todos os títulos imperdível.
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