Conversas comigo mesmo XXI
Muitas vezes dou como exemplo o rei Salomão e a sua ânsia de sabedoria em vez de riqueza e ostentação tão comuns e viscerais nos nossos dias. A oração de Salomão é a oração de um homem bom que pede bem coisas boas. Homem bom porque, acima de tudo, se interessa pelo bem dos outros, pelo bem do seu povo, a quem quer servir o melhor possível desempenhando bem a sua missão. Pede bem, pede com simplicidade e humildade, pede com filial confiança. Pede coisas boas e fundamentais, pede o que é importante e decisivo para governar com prudência e justiça. Pede um coração que saiba escutar e compreender; um coração sábio e esclarecido capaz de distinguir o bem e o mal, o justo do injusto, o certo do errado. Por isso a sua oração foi frutuosa para ele e para o seu povo. Salomão compreendeu que a riqueza não é o bem supremo e que o dinheiro não dá para comprar tudo. "Compra a cama, mas não o sono; compra a comida, mas não o apetite; compra o livro, mas não a inteligência; compra o luxo, mas não a beleza; compra o remédio, mas não a saúde; compra a casa, mas não um lar; compra a convivência, mas não o amor; compra as diversões, mas não a felicidade; compra a cruz de ouro, mas não a fé; compra um bom jazigo, mas não o céu". Tudo isto pode parecer banal, idealista, sem aderência à realidade, mas se pensarmos bem, a sabedoria é o dom supremo que podemos ter. A sabedoria que nos faz distinguir o bem do mal, - para perseguir o primeiro e rejeitar o segundo -, num mundo competitivo onde muitas vezes passamos por cima de tudo e de todos só para atingir o nosso objectivo; sabedoria para ajudar o nosso semelhante que está ao nosso lado e que - quase sempre - ignoramos na voragem do tempo presente, onde só os vencedores são premiados; sabedoria para respeitar os animais - esses seres sem voz - defendendo-os das vicissitudes da vida e dos humanos - felizmente, nem todos - tentando dar-lhes as melhores condições de vida possíveis; sabedoria para respeitar a natureza - tantas vezes violada - em nome da riqueza fácil e desmedida; sabedoria, enfim, para respeitar este planeta em que vivemos - nossa casa comum -, que vagueia no espaço infinito, qual caravela arrastada pelas correntes dos mares. Isto é o que gosto de desejar a quem chega a este nosso mundo competitivo e impiedoso. A alguns dias atrás, escrevi sobre a felicidade - (ver o XIX desta série) -, a felicidade que me invadiu por um ser que vai chegar em breve à nossa convivência e que me deixou imensamente feliz; hoje escrevo-vos sobre a sabedoria, aquele dom que gostaria de transmitir a esse ser. A sabedoria e a inteligência para separar o trigo do joio, para entender os ruídos do mundo que lhe chegarão e interpretá-los à sua maneira, maneira que gostaria que fosse sábia e sempre justa. Tudo farei para ajudar nessa difícil tarefa, espero ter sucesso, porque o meu sucesso será o sucesso desse ser tão ansiosamente esperado, de modo que cumpra a sua lenda pessoal, sem tergirvar, sem se arrepender, porque sempre agiu pelo sentimento que achou melhor e mais adequado às situações, mas sempre justo.
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