Turma Formadores Certform 66

Tuesday, September 06, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 132

As trapalhadas em que o governo se tem envolvido não páram de ser notícia. Essa ideia peregrina de ir mais além do que aquilo que a "troika" impõe, tem levado a que alguns sectores da sociedade portuguesa - mesmo do PSD e do CDS - as venham pôr em causa. Na semana passada, Manuela Ferreira Leite no Expresso, Marques Mendes na TVI24 e Vasco Graça Moura em entrevista à RTP1, vieram pôr em causa o aumento de impostos que tanto têm esmagado os portugueses. MFL vai mais longe, e acha as medidas ineficazes derivando em quase tudo aquilo que o ministro das finanças defende. Como já aqui fizemos referência, não deixa de ser estranho que sempre que Vítor Gaspar fala aparece de seguida um aumento de impostos, embora o controlo das despesas do Estado - que o PSD dizia que tinha medidas para os primeiros quinze dias, enquanto oposição - ainda ninguém as conseguiu ver. Mas no seu parceiro de coligação o incómodo não é menor. O CDS que se afirmava contra o aumento de impostos na oposição, vê-se agora confrontado com ele no governo, e vai daí, lança as suas pedras para contra-atacar a situação. Desde logo, Pires de Lima destacado dirigente do CDS que acha incompreensível o que está a acontecer, e depois, João Almeida na Comissão de Finanças da AR, a quando da audição do ministro das finanças. O mal-estar está instalado dentro da coligação, mas para além disso, todos nós nos vemos esmagados por um peso de impostos sem precedentes. É preciso não esquecer, e nunca é por demais repetir, que os partidos que integram o actual governo, afirmaram enquanto oposição, que não aumentariam os impostos e até tinham medidas imediatas para o corte na despesa logo que fossem governo e que ninguém ainda viu, passados que vão dois meses. No entretanto, a nomeação dos "boys" - que tanto criticaram na oposição - lá vai fazendo o seu percurso. Agora foi a nomeação de Santana Lopes para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. É uma maneira de apaziguar as dissidências internas, estamos certos, mas também não deixa de ser curioso ver como o controle dos "boys" é feito. Já lá vão mais de setecentos sem que ninguém dê por nada. Mas Passos Coelho vai-se enredando ainda mais na teia da discredibilidade quando a semana passada defendeu as "eurobonds" e depois, ao lado de Merkel - que todos sabemos que é contra - não foi capaz de o assumir, vindo a defender o seu contrário. Líder sem força, líder ser credibilidade que coloca Portugal num emeranhado de contradições que em nada nos beneficia. Mas, como uma desgraça nunca vem só, Passos Coelho decretou na Universidade de Verão do PSD o fim da crise para 2012!!! Com a incerteza nos mercados internacionais, com o anúncio de possível nova recessão mundial que vem do FMI pela voz de Christine Lagarde, Passos Coelho acha que Portugal será o novo oásis por decreto régio da sua soberana pessoa. Ingenuidade imperdoável para quem tem os destinos dum país nas mãos. Mas a ingenuidade não fica por aqui, vindo no mesmo local a fazer afirmações sobre a possível agitação de rua que, seguramente, aí virá duma forma ostensiva que só veio criar crispação, desta feita com os sindicatos, que têm, como todos sabemos, elevado poder de mobilização. Afirmações fortemente criticadas por diversos quadrantes e que Marcelo Rebelo de Sousa não deixou de apontar, - chamando-lhe líder fraco -, aproveitando para fazer duras críticas ao executivo. Sábias são as palavras de Mário Soares, na mesma Universidade de Verão do PSD, de que não devemos ser subservientes à "troika". Ele sabe bem do que fala porque nos anos oitenta teve que governar com o FMI em Portugal. Neste país à beira dum ataque de nervos, a polémica das "secretas" continua. Agora veio-se a saber que foi feita investigação particular a um empresário que tinha sido casado com a mulher dum ex-administrador da Ongoing. Parece que a Ongoing e as "secretas" têm algum acordo particular que depois dos dirigentes destas saírem lá encontram o emprego, seguramente bem remunerado, para o fim da vida. Estranha promiscuidade num país destroçado e de joelhos, fruto da deriva ultra-liberal que nos governa. Até quando?

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