Turma Formadores Certform 66

Tuesday, September 13, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 133

Esta semana foi marcada pelo XVIII Congresso do PS. A consagração de António José Seguro era um dado adquirido, retirando assim, muita da expectativa deste Congresso. Um novo ciclo se vai abrir, com o PS a navegar numa margem estreita que a subscrição do memorando da "troika" assim imporá. A lista de Francisco Assis - a mais próxima de José Sócrates - obteve uma expressão bem maior do que aquilo que se esperava. O que não deixa de ser um sinal de que Sócrates, embora ausente, foi muito lembrado, e este sinal da lista de Assis é disso o exemplo. O PS, queirámos ou não, teve dois grandes líderes ao longo da sua história recente, Mário Soares que foi também um dos seus fundadores e José Sócrates. Com toda a polémica que o envolveu Sócrates deixou marcas que será difícil apagar, tal como Mário Soares, ele também polémico no seu tempo. São homens que pela sua maneira de ser acabam por fazer a diferença. Podemos gostar ou odiar, mas nunca ficaremos indiferentes a estas personalidades. Os discursos dos congressistas e do novo secretário-geral eleito são disso um bom exemplo. As habituais críticas ao governo, que são normais nestes eventos, bem como, as novas alterações defendidas por Seguro dentro do PS, foram os únicos motivos de interesse deste Congresso. Mas algumas dessas críticas não deixaram de ter eco, mesmo neste espaço. A ideia de que sempre que Vítor Gaspar fala os impostos aumentam será uma delas, que o apagamento - intencional(?) - do ministro da economia será outra. Ainda não ouvimos nada sobre a estratégia de crescimento da economia portuguesa, se é que existe alguma ideia de como isso se irá conseguir. Quanto à saúde, a polémica não comparticipação de algumas vacinas e da pílula - grande conquista das mulheres desde os anos 60 do século passado - levou a uma grande polémica, que conduziu ao ministro vir afirmar que a não comparticipação não estava decidida. Até Marcelo Rebelo de Sousa - um conservador de direita, como o próprio se intitula -, não deixou de criticar a decisão e de até apresentar soluções alternativas. Quanto à educação, outro problema que o governo tem que enfrentar, o não acordo com a Femprof não agura nada de bom no futuro próximo. Embora Nuno Crato tenha apresentado como uma vitória o acordo com a FNE - próxima do PS -, isso não basta, porque a outra frente sindical agrega a maioria dos sindicatos dos professores. Assim, três meses após a tomada do poder pela coligação PSD/CDS, ainda nada se viu de muito importante, a não ser, o aumento incomensorável dos impostos, - nomeadamente na electricidade e gás -, que atingirá todos os portugueses, impondo aos mais pobres uma situação já de si difícil e esmagadora. Como já afirmamos neste espaço, e não somos os únicos, o PSD, a coberto do memorando da "troika" está a implementar o seu programa ultra-liberal sem que os portugueses dêem por isso. O ir mais para além do memorando é disso exemplo. Indiferente às dificuldades dos portugueses, parece que tudo é redutor face à imposição do programa partidário mais conservador já mais visto em Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de ser militante do PSD, não o esconde, embora embrulhando este num papel brilhante e luzidio, para ver se os portugueses não se aprecebem bem daquilo que já foi feito e, sobretudo, daquilo que ainda por aí virá. A "oposição responsável" de Seguro - com a qual concordamos - não pode servir para deixar passar isto tudo, nomeadamente, sem que disso faça o devido eco. Sabemos que o governo tem maioria, o que obsta à estratégia da oposição, mas a denúncia das situações tem que ser feita. E a revisão constituicional tão almejada pelo governo terá que ser travada para que a Constituição não seja deturpada servindo os interesses ultra-liberais que hoje nos (des)governam indiferentes às dificuldades de todos nós, insensível às pessoas, como se elas não existissem ou não contassem para nada. Veremos o que o futuro nos reserva e o que o novo PS tem para dar de contributo à democracia e aos valores de Abril.

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