Turma Formadores Certform 66

Sunday, September 18, 2011

Equivocos da democracia portuguesa - 134

As Leis de Murphy dizem que "o que está mau irá ficar ainda pior". Se tivessemos dúvidas da sua aplicabilidade, bastava olhar para o mundo e especialmente para a Europa para sabermos da sua justeza. Soubesse à dias aquilo que muitos já tinham antecipado, - e nós próprios neste espaço o fizemos à vários meses atrás -, a saber, que a Europa vai entrar em recessão no segundo semestre e, sobretudo, no quarto trimestre, ela estagnará duma forma bem evidente. Christine Lagarde - a directora-geral do FMI - que, obviamente, dispõe de mais informação, já vinha fazendo alertas para o perigo eminente. A semana passada, veio fazer um discurso muito crítico contra a brandura da UE - nomeadamente ao nível das decisões políticas - mas também, criticando duramente a fraqueza dos governos nacionais que conduziram os países para esta situação de ruptura eminente e global. E quando se fala disto, é seguro que pensamos em Portugal. Passos Coelho é disso um triste exemplo, basta ver como mudou radicalmente de opinião sobre as "eurobonds" quando as defendeu entre nós e lhe faltou coragem para o fazer quando estava ao lado de Merkel. Isso diz bem da fragilidade dos governos, da incompetência dos políticos, do desnorte que vai fazendo o seu caminho entre nós. Neste diz que sim e diz que não, o primeiro-ministro português acabou por reforçar a ideia de que o IVA vai ser mesmo mexido, não só para cumprir o déficit acordado com a "troika", mas também, para compensar a descida da TSU. TSU que é uma das medidas abordadas no memorando da "troika", mas que divide - pelo menos nas afirmações produzidas - o FMI da UE. O FMI acha que se devia baixar esta em oito pontos percentuais, enquanto a UE diz que não se devia mexer na TSU. O desnorte vai-se alastrando mesmo às instituições internacionais, tal como o afirmou e criticou Christine Lagarde, como atrás já fizemos referência. Neste emaranhado de problemas a vida dos portugueses está cada vez pior. Todos sabíamos que seria assim, mas não esperávamos é que o governo português fosse mais longe do que o memorando acordado, depauperando mais ainda os mais desfavorecidos e destruindo a classe média. Não nos surpreende que daqui a algum tempo, a sociedade portuguesa esteja próxima daquilo que foram as sociedades latino-americanas nos anos 70 e 80, onde a classe média era inexistente havendo apenas os muito ricos e os muito pobres. Todos sabemos ao que isso conduziu e os anos e sofrimentos que esses povos tiveram que passar para buscar novos equilíbrios que ainda hoje - embora duma forma mais atenuada - continuam a almejar. A coberto do memorando, o governo está a aplicar o progama ultra-liberal com que sonhava e que nunca foi capaz de implementar. Agora está a fazê-lo indiferente ao sofrimento que está a criar no seu próprio povo, porque para eles apenas é importante os seus interesses mesquinhos e pessoais - o "ir ao pote", lembram-se? - e não os dum povo cuja História vai quase nos nove séculos. Saibamos estar à altura da História que é a nossa, e travemos estas políticas despuduradas e impessoais que nos querem reduzir à miséria. Já para não falar na tão desgovernada Madeira, onde afinal estava o "colossal desvio" que Passos Coelho tanto procurava afinal no sítio errado. E para se virar para o sítio certo foi preciso vir a reprimenda do exterior via "troika". Soubesse agora que o "tiranete" da região escondeu mais de 1,1 milhões de euros na sua desgovernança que o PSD de Passos Coelho e Cavaco Silva sempre justificou, embora agora, face à dimensão do escândalo se vissem obrigados a mudar de opinião. Num território onde o compadrio, a corrupção, o servilismo a Alberto João, são as palavras de ordem, veio-se a saber que os portugueses vão ver a sua já triste vida ainda mais agravada por este incompetente que nunca se cansou de chamar corruptos aos governos da República, numa tentativa evidente de desviar as atenções. Neste momento, alguns dos seus defensores, tiveram que admitir que o rei ia nú, embora já muitas vozes se tivessem levantado - sem sucesso - contra esta política, que sempre contou com o beneplácido, se não mesmo, com a cumplicidade do PSD de Passos Coelho e de outros que o antecederam. Quando os mercados já começavam a olhar para Portugal como um país bem diferente da Grécia, eis que cai esta bomba, que terá seguramente, elevados custos para o nosso país. E isto, porque um pequeno ditador de pacotilha resolveu ignorar a lei das finanças regionais - uma lei da República - considerando-se acima de tudo e de todos. Esta impunidade, este despudor, este desgoverno levariam qualquer quadro superior duma qualquer instituição a ser despedido e com um processo em tribunal, a esta figura madeirense nada lhe irá acontecer, - apesar da investigação da PGR -, até se recandidatará da mesma forma que o fez nos últimos trinta anos, sem que nada lhe aconteça, fazendo com que o exterior - de quem actualmente dependemos - nos olhem cada vez mais como uma república das bananas. Será bom saber que a metade do subsídio de Natal que o governo extorquio aos portugueses não chegará para tapar o buraco, seria necessário a sua totalidade, deixando de fora o fim a que se destinou inicialmente. Num país à beira do abismo não se pode ter contemplações com estas figuras grotestas que vão enlameando a classe política cada vez mais desacreditada. Mas lá por fora as coisas não andam melhor. A questão das "eurobonds" continua a estar na ordem do dia e, como dizia Paulo Portas, "como português sou a favor, se fosse alemão talvez tivesse outra opinião". Discurso bem diferente - e antecipado - daquele que Passos Coelho fez em Portugal e negou na Alemanha. Mas a questão das "eurobonds" terá que vir para cima da mesa mais cedo ou mais tarde, e a posição de Durão Barroso sobre esta matéria já se tornou clara e até curiosa, dando a entender que a opção federalista poderia vir a ser considerada!!! Quando já se foram os anéis que fiquem os dedos, parece ser o lema de Barroso. O mesmo se diga da Grécia, se esta cair será o prenúncio da queda da Europa e do euro. No meio desta barafunda, fica a sensação de que a UE, para além de não falar a uma só voz, também não pensa correctamente, visto ser incompreensível que uma União que criou a moeda única - o euro - não tenha criado os mecanismos necessários para a defender. O desnorte não é só nacional, o desnorte é global, e é a estes que vimos confiando as nossas vidas e, sobretudo, o nosso futuro e das gerações que nos seguirão.

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