Conversas comigo mesmo - LXV
Esta "aldeia global" em que se vai transformando o nosso mundo, dá-nos, não só, a consciência de que somos "equipagem de um mesmo navio" com interdependências cada vez maiores mas também a percepção clara das diferenças e contrastes existentes entre povos, culturas e situações sociais. E do contacto directo com tais diferenças vão surgindo "naturais" reacções de desconfiança e auto-defesa, atitudes de hostilidade e rejeição e discriminação de vária ordem. E aqui vêm-me à memória o Livro do Levítico, com a famosa parábola do leproso: " 'Se quiseres podes curar-me'. Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: 'Quero, fica limpo' " Mas este livro diz-nos também que já vem de longe essa tendência de buscar segurança e protecção em "acampamentos" ou "condomínios fechados" e de expulsar de lá os que ameaçam ou põem em risco a nossa tranquilidade o nosso bem-estar ou os nossos interesses. Uma tendência que Jesus não aprova e que contesta radicalmente. Por isso, a sua atitude para com o leproso - que é símbolo de todos os excluídos - ganha uma especial actualidade para nós. Ao tocar no "intocável", Jesus rompe com os preconceitos, os tabús, os medos e os egoísmos responsáveis por tantas barreiras de intolerância e segregação. Ao escutar com atenção o leproso, ao olhá-lo com respeito, ao aproximar-se dele com compaixão, ao manifestar-lhe boa vontade para o ajudar a recuperar a sua dignidade de ser humano e a integrar-se, plenamente, na sociedade donde fora excluído, Jesus aponta-nos o caminho a seguir. Caminho que, sendo o que Deus quer, é também, o único capaz de nos levar a uma convivência e colaboração frutuosa na justiça e na paz. Trago aqui de novo a Bíblia como fonte de inspiração e reflexão. Meditemos nisto, porque está pleno de actualidade.
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