Turma Formadores Certform 66

Thursday, March 08, 2012

Carta de um Pai ao filho - Um momento para reflectir

"Amado Filho, O dia em que este velho já não for o mesmo, tem paciência e compreende-me. Quando eu derramar comida sobre a minha camisa e esquecer como atar os meus sapatos, tem paciência comigo e lembra-te das horas que passei ensinando-te a fazer as mesmas coisas. Se quando conversas comigo, repito e repito as mesmas palavras e sabes de sobra como termina, não me interrompas e escuta-me. Quando eras pequeno, para que dormisses, tive que contar-te milhares de vezes a mesma estória até que fechasses os olhinhos. Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer as minhas necessidades, não fiques com vergonha e compreende que não tenho culpa disso, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes quando menino te ajudei e estive pacientemente a teu lado esperando que terminasses o que estavas a fazer. Não me reproves porque não quero tomar banho; não me chames a atenção por isso. Lembra-te dos momentos que te persegui e os mil pretextos que tive que inventar para tornar mais agradável o teu banho. Quando me vejas inútil e ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender, suplico-te que me dês todo o tempo que seja necessário para não me ferires com o teu sorriso sarcástico. Lembra-te que fui eu quem te ensinou tantas coisas. Comer, vestir e como enfrentar a vida tão bem como o fazes, são produto do meu esforço e perseverança. Quando em algum momento, enquanto conversamos, eu chegue a me esquecer do que estávamos falando, dá-me todo o tempo que seja necessário até que eu me lembre, e se não posso fazê-lo não fiques impaciente; talvez não fosse importante o que falava e a única coisa que queria era estar contigo e que me escutasses nesse momento. Se alguma vez já não quero comer, não insistas. Sei quando posso e quando não devo. Também compreende que, com o tempo, já não tenho dentes para morder, nem gosto para sentir. Quando as minhas pernas falharem por estarem cansadas para andar, dá-me a tua mão terna para me apoiar, como eu o fiz quando começas-te a caminhar com as tuas fracas perninhas. Por último, quando algum dia me ouvires dizer que já não quero viver e só quero morrer, não te enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a ver com teu carinho ou o quanto te amei. Trata de compreender que já não vivo, senão que sobrevivo, e isto não é viver. Sempre quis o melhor para ti e preparei os caminhos que deves percorrer. Então pensa que com este passo que estou a dar, estarei construindo para ti outra rota num outro tempo, porém sempre contigo. Não se sintas triste, enojado ou impotente por me ver assim. Dá-me o teu coração, compreende-me e apoia-me como o fiz quando começaste a viver. Da mesma maneira que te acompanhei no teu caminho, te peço que me acompanhes para terminar o meu. Dá-me amor e paciência, que te devolverei gratidão e sorrisos com o imenso amor que tenho por ti. Atenciosamente, Teu Velho". Momento grandioso de reflexão, dum profundo sentimento de amor pelo outro que tantas vezes é esquecido. Curvê-mo-nos perante esta sabedoria que um dia se aplicará a nós.

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