Turma Formadores Certform 66

Friday, February 24, 2012

Conversas comigo mesmo - LXVII

"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso." "O que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor." Quem fez estas afirmações foi Madre Teresa de Calcutá. Por vezes um pequeno gesto faz a diferença. E, quantos de nós, por desatenção, por indiferença, por incúria, se recusam a fazer um gesto. E isto é válido para o nosso semelhante que sofre, por vezes, ao nosso lado e nós ignorá-mo-lo com a desculpa de não quer interferir na vida alheia. Mas também o fazemos perante os animais, nossos irmãos de quatro patas, quando não os socorremos, quando os ignorámos, quando os maltratamos, apenas e só, porque os consideramos seres inferiores. Mas se é assim, mais razões devíamos ter para os ajudar. Seria assim que afirmaríamos a nossa capacidade e inteligência superiores. Mas também a natureza se queixa daquilo que lhe fazemos, destruindo a cada dia que passa sem nos interrogarmos sobre o que virá a seguir. Afinal o pequeno gesto de ajuda ao nosso semelhante num momento de aperto, o carinho e a defesa dum pobre animal indefeso, o respeito pela natureza torturada dia a dia, é destes pequenos gestos que nos fala a Madre Teresa de Calcutá. Mas escutemos o que nos diz George T. Angell: "Às vezes perguntam-me porque invisto tanto tempo e dinheiro falando de amabilidade para com os animais quando existe tanta crueldade entre os homens? Ao que respondo: Estou a trabalhar nas raízes." E isto é uma suprema verdade que pode não agradar a muitos, mas que diz bem sobre aquilo que atrás referi. Porque os animais são a nossa continuidade, são aquilo que de mais puro existe na natureza, aquela natureza que eles respeitam enquanto nós a destruímos. No fundo, eles são os verdadeiros sábios. Alguém afirmava sobre o cão que "ele é o teu amigo, o teu companheiro, o teu defensor, o teu cão. Tu és a sua vida, o seu amor, o seu líder. Ele ser-te-á fiel e verdadeiro até à última batida do seu coração. Deves-lhe o tributo de te mostrares merecedor de tal devoção." E, para aqueles que não concordam com isto e acham que os animais nunca respeitam o homem, afirmava ainda "atrás de cada cão feroz há um dono que o fez assim." É isso, o animal é aquilo que o homem projectou nele, e ele, para agradar ao seu dono - que afinal é o seu mundo -, respeita e reproduz aquilo que lhe insinaram ou lhe impuseram. (O mal não está no animal de quatro patas, mas no outro animal, o ser humano). Porque meus amigos, tal como dizia Charles Darwin: "Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento." Exactamente assim. Por vezes pensamos que eles são diferentes, indiferentes à dor e ao sofrimento, mas não é assim. Se Charles Darwin já o tinha notado e escrito em pleno século XIX, como é que nós, pessoas do século XXI ainda temos tantas dúvidas e comportamentos tão erráticos? A caminhada do homem, apesar dos milénios que por cá andamos, ainda está longe de atingir o nível superior a que nos achamos ter direito. E vem-me à memória o que escreveu o grande filósofo francês Jean-Paul Sartre no prefácio ao livro "O Estrangeiro" de Albert Camus: "Certo é que o absurdo não está no homem nem no mundo, se os tomamos separadamente; mas, como é o carácter essencial do homem o «estar-no-mundo», o absurdo é, em suma, unitário com a condição humana. Por isso, não é, em primeiro lugar, o objecto de uma simples noção: é uma iluminação desolada que no-lo revela." E o próprio Camus no seu livro "O Mito de Sísifo" escreve: «Os gestos de levantar, carro eléctrico, quatro horas de escritório ou de fábrica, refeição, carro eléctrico, quatro horas de trabalho, refeição, sono, e segunda-feira, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, no mesmo ritmo…», e depois, de repente, os cenários desabam e acedemos a uma lucidez sem esperança. Então, se sabemos recusar o socorro enganador das religiões ou das filosofias da existência, temos algumas evidências essenciais: o mundo é um caos, uma «divina equivalência que nasce da anarquia»; - não há amanhã, visto que se morre." Por isso, e enquanto preenchemos este espaço no ciclo da vida, pois busquemos a evolução, o discernimento, a pureza que tão arredia tem andado da espécie humana, nesta caminhada que encetamos ao longo da nossa vivência. E para isso, temos que aprender na vida coisas tão simples como a solidariedade para com o nosso semelhante, o amor para com os animais e o respeito pela natureza que nos proporciona a vida. É já tempo para evoluirmos neste sentido, porque se não o fizermos agora, quando o iremos fazer?

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