Equivocos da democracia portuguesa - 182
O país continua a afundar-se sem que se vislumbre um fim. Apesar de alguns sinais ténues de retoma, ela ainda durará a vir, contrariando aquilo que o governo vem dizendo. E quando o diz sabe que está a mentir! O cortejo de desempregados não pára de aumentar. Ontem atingiu-se mais um triste recorde de 14,9% - a nível nacional -, rondando até os 20% no Algarve - a nível regional. E isto são apenas os desempregados registados. Mas para além deste existem muitos mais, que não têm acesso ao fundo de desemprego e, como tal, não constam das estatísticas. Se o fizessemos estaríamos agora perto de um milhão e trezentos mil desempregados!!! Para já não falar daqueles que emigram, sobretudo jovens, - mas não só -, em busca de uma vida com a dignidade e oportunidades que o seu país não lhe vai dar nos próximos anos. E quando se fala de 2012 como fim de ciclo tal não é verdade porque a situação vai prolongar-se, infelizmente, muito para além desta data e o desemprego irá continuar a aumentar. Este é o trágico destino das políticas ultraliberais que têm sido aplicadas entre nós e que não estão a dar os resultados pretendidos como já aqui o vinhamos afirmando por diversas vezes. E não falemos só da "troika", porque aquilo que se está a aplicar em Portugal vai muito para além do programa de resgate. A questão do desemprego, que é uma questão nuclear, está sem controlo. O próprio governo admite que está admirado (!) com a situação, o que mostra que não existe qualquer estratégia para inverter esta tendência. A economia está afogada em recessão, e assim irá continuar, não havendo qualquer expectativa de medidas para o crescimento que fomente o emprego. Portugal vai de derrota em derrota até à derrocada final. E agora agravado com a situação na Grécia. O povo grego fartou-se de tanto sacrifício, mas com isso pode levar a um efeito dominó na UE de consequências ainda imprevisíveis. A possível saída do euro e até talvez, da própria UE, vai expor outros países a algo de que ainda não temos bem a noção. Desde local os já resgatados Potugal e Irlanda, depois outras economias com problemas mas bem mais fortes do que estas, como é o caso da Espanha e da Itália. Ninguém sabe dizer como tudo isto terminará. Apenas a esperança fundada da nova atitude francesa face a esta situação pode levar a alguma esperança. Merkel ajudou a afundar a Europa enquanto engordava o seu sistema bancário, veremos o que daí virá, face a um Hollande que já percebeu que vamos na direcção do abismo a uma velocidade enorme e que é preciso arrepiar caminho. Essa é a nossa esperança, diríamos mais, essa é a esperança de muitos países que, embora com estratégias ultraliberais não têm força ou coragem para travar os devaneios de Merkel. Mas esta também pensamos que estará de saída a breve prazo. Basta ver o que aconteceu com as eleições na Renânia-Vestefália, um dos bastiões do partido conservador. O povo alemão começa a tomar consciência de que as coisas também não estão bem, não por solidariedade europeia, mas porque começam a temer as consequências que daí advirão e da maneira como os restantes países olharão - já estão a olhar - para a Alemanha. É que a História vai-se repetindo, embora nem sempre da mesma maneira.
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