O EURO 2012 - De sangue e de vergonha
Este foi um Euro de vergonha!
Tanta festa, tantos adeptos, tantos gritos de alegria ou exclamações de
desapontamento, e quantos se lembraram daqueles seres – mais de 250.000! – que foram
sacrificados para que tal acontecesse. Quantos se lembraram que em cada pontapé
dado, não era na bola que acertavam, mas num pobre ser, morto em condições
horríveis, infames, indignas duma qualquer condição de humanos que a isto se
prestaram. A Ucrânia mostrou ser um país subdesenvolvido onde os direitos dos
animais não existem, nem sequer os dos humanos, onde um presidente menor, -
Viktor Yushchenko – que a história há-de esquecer, não teve pejo em assinar um
decreto para que se cometesse tal atrocidade. No fundo, já está habituado.
Quando manda encerrar uma ex-primeiro-ministro – Yulia Tymoshenko – e sujeitá-la à tortura, não há muito mais para
dizer. Mas se a Ucrânia e as suas autoridades, não mostraram ser dignas da
Europa evoluída e civilizada, muitos outros também seguiram pelo mesmo
diapasão. Vi o meu povo saltar de euforia, vi o meu povo baixar a cabeça de
desilusão. Nesse povo estavam muitos que se dizem defensores dos animais.
Muitos até se arrogam o direito de serem os campeões da defesa dos animais.
Outros até acham que fazem mais do que ninguém, criticando aqueles que, sem
propaganda, ajudam os animais a sobreviver. Vi nesses grupos, aqui e ali,
alguns deles. Eram meus amigos! E isso chocou-me. É o mesmo que aqueles
defensores dos animais que fazem reuniões com um chazinho acompanhado de sandes
de fiambre, ou aqueles ainda, que reúnem amigos para definir estratégias de
defesa dos animais, em frente a um belo almoço ou jantar, servido de carne
assada. (E podem crer que não se trata duma falácia jocosa, conheço casos
desses!). Afinal, onde estão esses princípios que dizem defender? Será que não
percebem que tantas vidas foram ceifadas para o prazer de uns quantos? Será que
conseguiram olhar para os ecrãs de televisão sem neles verem manchas de sangue,
- de sangue inocente -, apenas para gáudio de alguns. Então onde anda essa
coerência? Quantos que se dizem defensores dos animais, partilharam bandeiras,
fotos de equipas e de jogadores, não percebendo que com isso estavam a
legitimar a carnificina! Quantos aceitaram isso como um prazer efémero, que em
nada vem melhorar a situação de cada um, apenas servindo para a vã glória de
uns tantos, pouco mais que analfabetos, que ostentam riquezas que chocam um
país empobrecido, pleno de gente desgraçada, enquanto eles esbanjam dinheiro
sem nexo, com orgias, carros luxuosos, atitudes sobranceiras de quem é melhor
de que ninguém e que, no fundo, mal sabem alinhar duas frases. Gastaram-se
milhões que tanta falta fazia a muitos, em hotéis luxuosos, - porque os mais
modestos não eram dignos de tais criaturas que continuam sem ganhar nada! -, enquanto tanta gente vive abaixo
do limiar de pobreza, perdendo a casa que tanto lhes custou a comprar, para
além da dignidade que já tinha ido há muito. Estes também têm as mãos
ensanguentadas. E senhores responsáveis da hierarquia futebolística onde anda
essa vossa dignidade? Não vi nenhum responsável ou jogador dar visibilidade a esta carnificina para a criticar para, ao menos, dela se distanciar. Senhor Michel Platini não o vi comentar nada sobre este seu Euro
2012 afogado em sangue. Não o vi com cara menos amistosa quando rodeado pelas
autoridades que deram ordem para a matança. Afinal senhores todo-poderosos do
mundo da bola onde está a vossa dignidade? Será que os milhões que arrecadaram
tingidos de sangue não vos incomodam, não vos sujaram as mãos? Ou sois como
Pilatos que as lavastes apressadamente do sangue dos inocentes? Vós que pedis
tanto “respeito” – via-se a palavra “respect” por todo o lado ainda antes do
começo do evento – onde está o respeito perante a vida decepada de milhares de
inocentes? Sei que o dinheiro não tem rosto. Sei que ele é mais importante – felizmente
só para alguns! – do que a dignidade que deveriam ter. Mas isso não vos
incomoda? Ou a ostentação em que viveis, de cima do vosso poder sempre efémero,
vale tudo isso e impede-vos de enxergar mais além? Mas de vós todos, homens da
bola, não espero muito. Mas também não vi nos “media” nenhum comentário sobre
este tema, (ou então ao de leve e rapidamente), embora tenham existido outros
bem infelizes! Mas, mesmo envolto em silêncio, quando se fizer a história deste
evento, ele ficará sempre associado ao sangue inocente derramado, à ignomínia
dos governantes que deram as ordens, à desumanidade dos que as executaram sem
pudor. Mas destes também, não espero nada. Mas dos outros, daqueles que se
dizem defensores dos animais, sim. Mesmo quando se acham uma raça à parte,
bendita por Deus, se possível quando a sua ajuda é visível. E não foi isso que
vi. Vi indiferença, vi esquecimento, vi o parêntesis que se levanta enquanto a
festa dura, pá! Vi tudo isso e o meu coração ficou triste. Eram meus amigos! Se
já tinha algumas reservas sobre este mundo dos ditos defensores dos animais,
agora tenho certezas. Só me resta aqui trazer a memória dos muitos
sacrificados. Do silêncio destes inocentes. Que o seu sacrifício não seja em
vão. Que o sangue derramado caia sobre as cabeças de quem o ordenou. A vós
inocentes, sacrificados neste holocausto da ignomínia humana, desejo que
descansei em paz. Que a memória do vosso sacrifício atormente essa gente sem
princípios e sem dignidade, que envergonham a Europa a que pertencemos. Para
aqueles que se escondem atrás das más-consciências, deixo-vos aqui um vídeo no
link http://www.myspace.com/video/583288015/massacres-de-c-es-na-ucr-nia-durante-o-euro-2012/108781513
para lembrar a todos que este sacrifício não foi em vão, nem pode ser
esquecido. Afinal, como diz o poeta: “Há sempre alguém que resiste, há sempre
alguém que diz, não!”
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