Turma Formadores Certform 66

Tuesday, September 04, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 200

A semana que passou ficou marcada pelas "rentrées" dos dois maiores partidos. E elas mostraram-nos que cada vez mais PSD e PS estão afastados, perconizando caminhos diferentes para se atingir um mesmo objetivo. Sem revelar qual o sentido de voto face ao OE 2012, Seguro foi marcando pontos com um ataque feroz ao executivo. Por seu lado, Passos Coelho vai cantando laudas ao seu trabalho como se a recuperação estivesse ali ao dobrar da esquina. De permeio, temos os senhores da "troika" que lá vão dizendo que a culpa de não se atingirem os objetivos acordados é do governo e não dela, - da "troika" -, o que mostra o desconforto que estas pessoas estão a causar ao governo nesta 5ª avaliação. Por isto, e mais alguns sinais que por aí aparecem, pensamos que nos espera ainda mais austeridade, embora nos comecemos a interrogar - como tantos outros - onde esta vai aparecer e sobre quem vai recair dado o aperto em que os portugueses já se encontram. Cavaco que há um ano atrás achava que se devia cumprir e nunca pôr em causa os mercados, face ao descalabro do governo do seu partido, - afinal para quê tantos sacrifícios? -, já vem dizendo - e aqui bem - que "se deviam tributar aqueles que até agora têm passado ao lado da crise", leia-se o grande capital. Mas aqui surge um enorme problema que sempre afetou os executivos sejam eles de que matiz política forem. Como vivemos numa economia aberta, é fácil ao grande capital sair para outras paragens, se se vir ameaçado pela governação. Esta é uma pecha que muito nos tem prejudicado, levando a que os sacrifícios recaiam sempre sobre os mesmos, e agora, pensamos que acontecerá a mesma coisa. Face a isto, o PSD tem um problema para gerir internamente, é que o CDS já foi dizendo que não aceita mais austeridade sobre a forma fiscal. Veremos o que daí vai sair, até porque o CDS já nos habituou a este estar dentro e fora dos executivos a que pertence, para melhor "levar a carta a Garcia". As sondagens são disso um bom exemplo, onde o CDS parece passar ao lado do desgaste do executivo. Mas estas divergências vão-se acentuando, basta ver o que ontem aconteceu com a lei autárquica, que foi abandonada, depois de PSD e CDS não terem encontrado um consenso, para já não falar do caso RTP. Mas neste regime de austeridade em que vivemos, soubesse que os políticos tiveram um aumento de salário, bem como o das ajudas de custo, que no final dá cerca de 1.000 euros ano! O valor pode até parece insignificante - cerca de 81 euros mês - mas o princípio é que está errado. Quando todos os portugueses vêm fazendo sacrifícios enormes, os políticos são confrontados com um aumento de 1,5%, em média, o que leva a que os portugueses se interroguem se afinal os sacrifícios são mesmo para todos, acrescido ainda, porque quem decide estas coisas são os próprios políticos! Políticos que não param de nos surpreender pela negativa. Relvas chegou de Timor, convocou o CA da RTP e este demite-se de seguida. Já não bastava a polémica em torno da estação pública - que temos a sensação que era mais uma "lebre" do que outra coisa - para agora isto acontecer, dando o sinal de que Relvas quer mandar na RTP. Assunto que já mereceu as perguntas de Bruxelas que não está a perceber o que se está a passar no burgo. Uma UE que já estava desagradada pelo buraco do déficit que se vai verificar - agravado pelo cenário de UTAO (Unidade Técnica de Apoio ao Orçamento) que coloca o déficit em 6,9% - mas que, também ela,  - a UE -, nada fez para ajudar os países em crise como é o caso de Portugal. O que mostra bem que a UE não está suficientemente agilisada para gerir estas situações, vivendo dos egoísmos nacionais que não se poderam ultrapassar até à data. Daí que, cada vez mais vozes têm aparecido a defender o modelo federal - que nós preconizamos - e pessoas que até aqui eram tidas por defensoras de outros princípios, como foi o caso recente do presidente da Comissão, Durão Barroso. E por cá, o mesmo sucedeu com Paulo Rangel, deputado europeu do PSD, que parece que se converteu ao federalismo, é caso para nós dizermos, ainda bem. Porque se tal não vier a vingar no futuro, a desagregação da UE e o fim do euro serão inevitáveis, o que é grave. Todos sabemos que a UE tem sido um tampão a um certo desígno europeu de se guerrear por tudo e por nada, marca que existe vai para mais de 2.500 anos, a que a UE tem posto cobro, pelo menos para já. Daí que a evolução do processo federalista da UE seja algo de urgente, mesmo para aqueles que não defendem este modelo, que devem pensar que só assim, o sonho de Jean Monet se cumprirá. Veremos o que daí virá, com o sentido de que, seja lá o que for, pautará o nosso futuro duma forma bem vincada.

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