Equivocos da democracia portuguesa - 201
Mais vale tarde do que nunca. Finalmente o BCE anunciou que está preparado para comprar títulos de dívida dos países em dificuldade. O anúncio de Mario Draghi lançou a euforia nos mercados que fecharam ontem em claro ganho. Como teria sido diferente a nossa situação se essa decisão tivesse aparecido à um ano ou dois. Esta medida tem por objetivo travar a especulação dos mercados contra o euro, mas não só. O problema que se está a colocar com as dificuldades de Espanha e Itália, a isto não estão alheias. São economias demasiado fortes, demasiado grandes, para contemplar uma ajuda dos FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira) que não teria dinheiro para as contemplar. Assim, esta medida aparece como salvadora da situação. Mas ela encerra em si uma outra questão. Ela significa que o domínio alemão está, cada vez mais, a ser posto em causa. Finalmente! Basta ter visto a reação de alguns analistas alemães após o anúncio de Draghi. Portugal poderá ser um dos primeiros a beneficiar da medida, mas desenganem-se aqueles que pensam que as dificuldades acabaram. Os ajustamentos na economia levam o seu tempo e por isso não veremos nada de muito significativo nos próximos tempos, queremos dizer, no próximo ano. Mas esta medida pode levar a que se criem condições para Portugal ir aos mercados em 2013. Quando tal foi anunciado, dissemos numa outra crónica, que tal não seria possível, a menos que com a ajuda da muleta europeia. A muleta europeia aí está, daí o acharmos que essa eventualidade é possível, embora se ela não existisse tal seria seguramente inviável. Para clarificar aquilo que o BCE anunciou, cumpre dizer que, este banco apenas comprará ativos no mercado secundário, isto é, títulos da dívida já emitida e negociada com os investidores. Mas mesmo assim, estamos certos que esta mudança de cento e oitenta graus na política financeira europeia é bem vinda, só perca por tardia. Finalmente a UE dá um sinal de que está atenta às dificuldades que os especuladores têm criado a este espaço europeu, e que está determinada a responder com força e determinação, não só para manter a União como tal, mas também, para manter o euro. Agora o caminho para a emissão de "eurobonds" está aberto e, esse sim, seria a verdadeira redenção da Europa Comunitária. Todo o percurso tem o seu início e este será, seguramente, o início do percurso da salvação do projeto europeu. Esperamos que agora não se fique a meio caminho, como por vezes acontece, mas que se percorra todo o percurso até ao fim sem tibiezas. Uma janela de esperança abriu-se ontem para a Europa. Mais vale tarde do que nunca.
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