Turma Formadores Certform 66

Thursday, September 27, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 209

A crise vai de vento em popa e os portugueses já não sabem o que fazer. O OE 2013 perspetiva-se no horizonte como um fantasma que não queremos ver mas que teima em se postar em frente aos nossos olhos. Manuela Ferreira Leite apela à rebelião dos deputados dizendo que votem contra ou que se demitam do Parlamento. Paula Teixeira da Cruz, ministra da justiça afirmou que "compreende as manifestações e dada a situação até esperava que fossem maiores". O que deixa antever que a união dentro do governo é uma miragem. Tanto quanto se sabe, Paula Teixeira da Cruz, Aguiar-Branco e Miguel Macedo, têm sido vozes muito críticas do rumo que as coisas estão a tomar e do insucesso das políticas face aos sacrifícios pedidos. Neste emaranhado de problemas, a divisão entre os partidos da coligação não será seguramente o menor. Agora, e para obviar a mais descoordenações como aquela que vimos na semana passada, foi criado um conselho de coordenação. O conselho de coordenação significa que o governo não está coordenado e necessita de apoio a esta altura. No seu desespero o governo acusa o PS de se distanciar do acordo que fez com a "troika". Contudo, justificar o distanciamento do PS com a assinatura do "memorandum" já não colhe. Ele já foi revisto cinco vezes e com a responsabilidade do governo PSD/CDS-PP sem que a oposição - leia-se PS - fossem ouvidos e achados, segundo aquilo que já veio a público. O descontentamento é geral, a descoordenação é total. Agora é a polémica das fundações. (E o Estado apenas detém quatro destas fundações!). Dar nota mínima a uma fundação como a Gulbenkian, Serralves ou Casa da Música é, no mínimo, insólito. Querer  fechar a Fundação Paula Rego é um crime de lesa-pátria, cortar na subvenção ao INATEL é ridículo, basta lembrar que esta fundação detém o espólio de Eça de Queiroz. Mas o insólito ainda é maior, quando se pretende cortar em fundações que já não têm apoios públicos, como é o caso da Fundação D. Luís I, que já tinha pedido o desvinculamento dos dinheiros públicos. Apesar deste pretenso "rigor" a Fundação do PSD-Madeira continua!!! Porque será? Para citarmos Lucas 12,2: "Não há nada encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido". Estas são atitudes que não ficam bem ao governo e mostram o desnorte, para além do despudor, com que vai (des)governando o país. O deslize do déficit é assustador representando neste momento 120% do PIB, coisa nunca vista entre nós. Face a este descalabro o PM tira mais um argumento da cartola, a saber, a privatização da CGD em 40%. Medida que tem levado a um turbilhão de sentimentos oriundos de vários lados. No meio de tudo isto o The Economist afirmava na sua última edição que "Portugal passou dum aluno modelo para aquele que pode se uma preocupação quando se leva a austeridade para além do admissível". Assim sem mais, duma das publicações mais prestigiadas a nível mundial. Ontem o Conselho Económico e Social (CES) pela voz do seu presidente, Silva Peneda - um PSD -, afirmava que a redução da despesa foi obtida à custa dos trabalhadores e dos pensionistas. Nada que já não soubessemos, mas vindo de quem vem, não deixa de ser sintomático. O conselheiro José Ferreira do Amaral alinha pelo mesmo diapasão. Indo ainda mais longe. Afirma o reputado economista que "Portugal já está em espiral recessiva e o ano de 2012 só o veio confirmar". Aconselhando a UE a rever os seus planos de ajustamento para com os seus países membros em dificuldades porque assim está posta em causa a própria União e o euro. O problema central é que o euro apareceu à dez anos atrás como um escudo face à agiotagem dos mercados. Mas os países que a ele aderiram não conseguiram convergir nestes dez anos como era suposto acontecer e abriram brechas que os especuladores têm aproveitado. Portugal foi um desses casos e agora pagamos por isso. Por tudo isto, estamos a pagar uma das mais elevadas faturas da nossa História. Não sabemos como ficaremos no fim, mas uma coisa é certa, estaremos seguramente mais pobres, sem futuro, sem amanhã. A emigração voltou a aparecer em força, só que agora ela é bem diferente da que vimos nos anos 60. É uma emigração de gente qualificada que não tem trabalho, não sente segurança, não tem expectativa de futuro no seu país. Isto é grave. Portugal está a ser depauperado, esmagado, empobrecido e não só financeiramente.

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