Turma Formadores Certform 66

Sunday, October 07, 2012

Conversas comigo mesmo - CXIV

Quando éramos crianças contavam-nos histórias que normalmente começavam com "Era uma vez..." e nós ouvíamos e ouvíamos quase sempre as mesmas histórias aguardando sempre com ansiedade o seu final feliz. Mas na vida, normalmente quando entra o ser humano, nem sempre é assim. E o tema do "amor" é seguramente um deles e é o mote para este vigésimo sétimo domingo do tempo comum. Quando falamos de amor de imediato o associamos a sexo. Não que o sexo não possa encerrar em si o amor, mas este é bem mais amplo do que aquele. E é nesse conflito fraturante em que estes temas muito amiúde se entrecruzam, que se dá em muitos casos a rutura, o divórcio. Dizia Jesus que "Não separe o homem o que Deus uniu". Mas esta, como tantas outras mensagens, são levadas pelo vento e delas quase nunca guardamos nada. Diz o povo: "Cava o poço antes de teres sede..." Disse alguém com muita razão: "A falta de preparação para o matrimónio é a melhor preparação para o divórcio". A preparação fundamental para o matrimónio é aprender a amar. E aprende a amar quem aprende a compreender os outros, quem aprende a confiar e a esperar, quem aprende a dar e a compartilhar, quem aprende a esquecer-se de si e a sacrificar-se pelo bem dos outros, quem aprende a desculpar e a perdoar, quem aprende a comprometer-se e a ser fiel aos compromissos, quem aprende a defender os animais nossos irmãos, quem aprende a respeitar a natureza nossa mãe comum. Aprender a amar é aprender a cultivar o amor. E o amor cultiva-se com o respeito e a atenção, com a verdade e a transparência, com o diálogo franco e delicado, com a alegria e o carinho, com a boa vontade e as boas maneiras. Como tudo o que é vivo o amor pode crescer e fortalecer-se, mas pode também definhar e morrer. Há muito amor que poderia ainda estar vivo, a unir pessoas e destinos, a levantar esperanças e a repartir alegrias e não está porque não foi cultivado nem alimentado como deveria ter sido. Definhou e morreu por egoísmo, cobardia ou leviandade, por omissão, fuga ou irresponsabilidade. Por isso Jesus sugeriu que antes de nos interrogarmos sobre a licitude do divórcio perguntemos o que é o matrimónio no projeto de Deus, o que implica, o que supõe e a que compromete. Porque, normalmente, no fim da linha, são os filhos que porventura apareceram, que são as primeiras e maiores vítimas. Embora no nosso egoísmo, pensemos sempre e só em nós, e nunca nos lembre-mos deles. Esta a mensagem que hoje vos quero deixar ficar aqui, infelizmente, plena de atualidade nos tempos que correm onde tudo é efémero. Até os afetos...

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