Turma Formadores Certform 66

Monday, December 03, 2012

Equivocos da democracia portuguesa - 227

De polémica em polémica, de desinformação em desinformação, de trapalhada em trapalhada, é assim que se vão fazendo os nossos dias. Depois da entrevista de Passos Coelho à TVI ficou claro que ele defendia o co-pagamento para o ensino. Um coro de protestos se levantou. O PM deixou o assunto a marinar durante vários dias e ontem, em S. Tomé e Príncipe (!), veio desmentir aquilo que disse, acusando os portugueses de não o terem bem interpretado. Como se não bastasse, Passos Coelho nos ter reduzido à miséria, agora ainda nos chama de ignorantes ou de mal-intencionados. Mas não foi assim. O que acontece é que o PM não tem um problema de comunicação, mas sim, algo que é mais grave, não tem ideia nenhuma para o país, nem tem ideia nenhuma daquilo que fala. Vemos amiúde que as suas entrevistas são mal preparadas e esta foi mais uma delas. O assunto é tanto mais relevante quanto o ministro da educação se apressou a corrigir o PM. Se o próprio ministro veio a terreiro dizer de sua justiça, então também é um ignorante e não devia estar no governo. Além disso, não deixa de ser estranho que a correção (?) tivesse sido feita num país estrangeiro. Todos sabemos que os governantes evitam falar do país no estrangeiro, sobretudo quando envolve assuntos melindrosos, e daí não se perceber a atitude de Passos Coelho. Quanto ao co-pagamento no ensino obrigatório, nem é novidade porque já o defendeu em 2010 se estão recordados. E ainda ficamos na dúvida, depois das afimações do PM,  se as imagens da TVI foram uma... montagem (em direto)!!! Aliás, se as famílias tiverem que pagar a educação, este pagamento não significa atuar sobre a despesa, mas sim sobre a receita. Enfim, uma valente confusão! Mas as trapalhadas deste governo não se ficam por aqui. Veio-se a saber que afinal o governo irá dar tolerância de ponto nas vésperas de Natal e de Ano Novo. Se o governo é tão austero, que foi ao ponto de eliminar feriados religiosos que muito dizem aos portugueses; quando foi ao ponto de eliminar feriados que dizem muito a Portugal e à sua História secular, porquê esta benesse? É incompreensível, a menos que seja uma espécie de bónus para o que por aí vem. Estas são as trapalhadas, diríamos melhor, as ambiguidades - para sermos mais politicamente corretos - em que o PM e o governo se envolvem. Pedro Adão e Silva afirmava ontem que "o PM fez declarações ambíguas, contraditórias, e daí a ideia que dá de que não sabe do que está a falar". E dizemos nós, se dá apenas essa ideia ou se de facto não sabe daquilo que fala. E já são muitas as "gaffes" a que os portugueses têm assistido. Mas o jornalista do Expresso, Filipe Santos Costa, vai mais longe quando diz que "o PM devia evitar comentar no estrangeiro as trapalhadas internas". Coisa que passou a ser uma novidade na política do burgo, mas este PM não deixa de nos surpreender. Quando sabemos que vai dar uma entrevista, já sabemos que temos assunto porque se envolverá em confusões que depois servem de alimento aos "media". Isto é a descredibilização da política e dos políticos, que a ninguém serve, muito menos ao país. A mentira, o embuste, a confusão são pedras angulares que a política usa, sobretudo, a política feita por agentes menores, que não verdadeiros estadistas. Vêm-nos à memória uma frase de Charles De Gaulle: "Como nenhum político acredita no que diz, fico sempre surpreendido quando vejo que os outros acreditam nele". Uma imagem bem tirada da política e dos políticos a quem as populações entregam os seus destinos. Mas como já alguém disse "somos um povo que navega em mares tormentosos ao longo dos séculos, mas ainda aqui estamos". E estaremos porque não deixaremos abater tão facilmente assim.

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