Turma Formadores Certform 66

Monday, August 05, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 274

Os últimos acontecimentos que têm envolvido o governo e têm trazido a público temas muito polémicos, como o caso da ministra das finanças e os "swaps", que também envolvem agora o seu secretário de Estado do tesouro, bem como, o caso do ministro dos negócios estrangeiros na polémica em torno do BPN e já antes no mal-estar face a parceiros estrangeiros como são os EUA, vêm colocar o dedo na ferida sobre a péssima imagem dos políticos e das instituições junto das populações. Como se dúvidas ainda subsistissem a última sondagem que o Expresso publicou no passado sábado é disso um bom exemplo. A descrença num governo gasto e sem ideias, no seu bom relacionamento futuro, uma certa desconfiança nos políticos, a falta de crença nas instituições, aparece tudo isto espelhado nessa sondagem. Os portugueses querem é ver esta crise ultrapassada, que terminem estes seus (nossos) dias de angústia, que se faça algo para que seja mais fácil seguir em frente e aligeirar a carga que pesa sobre os ombros de todos nós. Tudo o resto, mesmo aquele sentimento de clubite aguda sobre os partidos começa a esbater-se. Se o reclamar um certo consenso para que o país caminhe num determinado rumo é uma coisa importante, já a descrença generalizada nos políticos e nas instituições é algo mais grave. Por vezes, também nós já aqui fizemos eco desses sentimentos e os tentamos incorporar. Mas a democracia faz-se de partidos e aqui é que está a questão. Não existe democracia sem partidos. Embora não tenhamos bem a certeza de ainda vivermos em democracia, de facto, sentimos que o ir mais longe afeta os pilares do próprio regime. E isso começa a ser por demais evidente quando escutamos o que se passa nas ruas, nos anseios e desilusões das populações, na desesperança que nos vai corroendo lentamente. Este desencanto que vai abrindo portas - quiçá até justificando - outras saídas de que nos arrependeremos mais tarde. E chegados aqui, o que pensamos é que as instituições têm que se adaptar rapidamente a esta nova situação, caso contrário, será a rua a impor esse realinhamento. Não por uma qualquer revolução. Mas criando condições para que se justifiquem saídas messiânicas de que depois nos vamos arrepender. Já tivemos destas situações ao longo da nossa História, mais longínqua e mais recente, e não gostaríamos que, de novo, nos víssemos envolvidos em situações confrangedoras. As novas gerações poderão ter essa tentação porque apenas conhecem esses casos dos livros de História, mas as gerações mais velhas sabem o que é passar por regimes onde nem é admitido o dizer não. A História repete-se é usual dizer-se. Mas nem sempre do mesmo modo, acrescentamos nós.

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