Turma Formadores Certform 66

Friday, December 20, 2013

Equivocos da democracia portuguesa - 312

Mais um chumbo - e este foi por unanimidade - do TC ao governo! Afinal, este governo que tanto defende a teoria do bom aluno, porta-se como um cábula que não é capaz de aprender com os seus próprios erros. Quatro chumbos do TC já começam a ser demais. Mas o mais original de tudo isto é que o OE2014 ainda nem entrou em vigor e já vai necessitar dum retificativo! Coisas originais se passam nesta terra lusa! Talvez agora, e face a mais este chumbo, o PR pense que deve enviá-lo para fiscalização preventiva, porque caso não o faça, estamos perante um absurdo colossal. Quando se sabe que o OE está ferido de várias inconstitucionalidades será difícil entender a aprovação do mesmo pelo PR e manter o país em suspenso durante mais uns meses porque, seguramente, os partidos da oposição enviá-lo-ão para fiscalização sucessiva. Paradoxos em que este governo PSD/CDS-PP se envolveu com um PR a alinhar pelo mesmo diapasão não fosse ele, também, membro do PSD. E não basta agora vir dizer que o país estava "quase lá" - como ontem vimos por um membro do partido laranja - porque o "quase" tem muito que se lhe diga. Ainda ontem - dia de muitos acontecimentos - o líder da "troika" Subir Lall, membro do FMI, afirmava que o "ajustamento de Portugal vai levar mais 10 a 15 anos"! Coisa que ninguém achou estranho porque todos vemos que o país está a afundar dia após dia sem fim à vista. Já Vítor Gaspar - ainda se lembram do ex-ministro das finanças? - afirmava que "o governo não percebia o que se passava no mundo do trabalho". O problema é que o governo não só não percebe o que se passa no mundo do trabalho como tem dificuldade em perceber o que se passa nos "outros mundos" que o rodeiam. A estratégia passa por aligeirar a pressão sobre a economia com menos austeridade. Há uns meses atrás, Sócrates numa sessão académica numa universidade parisiense, afirmou que "a dívida não é para pagar mas para ser gerida". Na altura muita gente se insurgiu com esta afirmação - aliás correta - mas, ainda não vimos ninguém se pronunciar sobre a afirma que ontem Alberto João Jardim fez ao afirmar que "a dívida não se paga, o que se paga é o serviço da dívida". Assim, preto no branco, em linha - como agora se diz - com a afirmação de Sócrates. Porque é mesmo assim. Qualquer estudante de economia sabe que se deve ir amortizando, sempre que possível, a dívida do país, mas a grande preocupação é com cumprir com o serviço da dívida e não deixar a dívida crescer em demasiado. Aparentemente, o governo acha que não e vai daí reduz à miséria as populações, vende a retalho o país, sobe impostos como nunca, enquanto o desemprego não pára de aumentar, bem como a dívida. Contudo, e segundo alguns ameaços do PM, parece que a saga irá continuar, e o aumento do IVA poderá vir a acontecer ou em alternativa a contribuição de solidariedade. Qual delas a melhor. O governo não percebe que quando se segue uma mesma estratégia para obter resultados diferentes já prefigura a estultícia. E não é preciso ser nenhum Einstein para entender isso. Como nos apetece citar Shakespeare: "Much ado about nothing" (tanto barulho para nada). Apenas será necessário explicar à "troika" que temos um estado de direito, uma Constituição que não pode ser violada, e por isso, nem tudo se pode fazer às cegas. A menos que, como afirmou Pacheco Pereira - também ele PSD - "o governo escolhe medidas que sabe à cabeça que são inconstitucionais"! Resta saber por que o faz. Ou talvez não...

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