Turma Formadores Certform 66

Wednesday, April 09, 2014

Equivocos da democracia portuguesa - 333

Parece que desde há três anos a esta parte Keynes foi banido da economia como um perigoso revolucionário. Mas ao que também parece, acabou reabilitado à boa maneira do PC Chinês, e até há quem no governo o defenda. A começar pelo ministro da Economia - quem diria! - com a retoma dos grandes projetos macroeconómicos. Retomando um pouco a senda do governo anterior. E chegados aqui, é bom dizer-se que estas coisas não dependem só de nós. A Europa, que tem necessidade de escoar os seus produtos, vai impondo aquilo que até agora era visto como uma maldição. Vimos aqui há dias Carlos Tavares - o diretor-geral da Peugeot-Citroen - a dizer que o aumento da capacidade da empresa passa pela obtenção de mais um modelo a ser feito cá, mas para isso, será necessário construir uma linha de comboio de Mangualde para o porto de Vigo. (E aqui está como este governo ultraliberal que sempre vilipendiou a estratégia de Sócrates com os seus projetos macroeconómicos vai ter que justificar este. E este projeto é apenas um de vários que estão a ser equacionados, leia-se impostos). O mesmo Carlos Tavares fez notar o elevado custo da energia em Portugal - que é uma realidade vergonhosa - dizendo que está 40% acima do preço que se paga em França. Não duvidem de que, a breve trecho, se comece a falar uma qualquer estratégia para baixar o custo da energia, nem que seja só para as empresa baseando-se numa qualquer "benesse" governativa. Para bom entendedor... Chegados aqui vem-nos à memória a frase de Virgínia Wolf: "A coisa nenhuma se devia ter dado um nome porque corre o risco de que o nome a transforme". Isto é aquilo que vemos todos os dias entre nós. Distorce-se as ideias quando estas não convém - veja-se o caso do Manifesto dos 70 -, dá-se uma outra coloração às coisas apenas para dar a ideia de que se está a ir contra a estratégia imposta por uma qualquer "troika" ou agenda política caseira. Mas as coisas são o que são. Recorremos aqui a Miguel de Unamuno (1864-1936): "A palavra sábia é aquela que dita a uma criança, é sempre compreendida sem explicações". Pois é, ou por outras palavras, "explica-me devagarinho como se eu fosse burro"! Este executivo tem feito de mentecaptos todos nós, mas está a chegar a hora do virar de página. Não que o governo a queira, mas que uma Europa impõe em nome dos seus interesses - leia-se, interesses da Alemanha - que não os interesses caseiros. A retoma de Keynes é apenas o começo. (Até se diz que Passos está a pensar retomar a estratégia de Sócrates!) Não será a redenção do anterior executivo, mas será, seguramente, a mostra das muitas mentiras, jogos de poder, interesses encapotados que levaram à ascensão deste governo que, sem pudor, empobreceu o país e as suas gentes e que, enredado nas suas contradições, há-de determinar a sua queda.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home