O círculo infernal do GES e os seus efeitos colaterais
Temos vindo a assistir a uma autêntica novela em torno do Grupo Espírito Santo que promete ainda enredos escaldantes e rocambolescos dignos duma qualquer novela mexicana. Mas depois de termos assistido a tudo isto algumas interrogações se nos colocam. Desde logo, como foi possível que com o crivo da "troika", que tanto escrutinou e tirou a todos nós, tivesse deixado passar um imenso buraco como este? Como foi possível que o regulador, - leia-se o Banco de Portugal -, tivesse ignorado a situação e vindo mostrar agora uma enorme surpresa pelo o sucedido? Como foi possível que uma só pessoa, (ou certamente muito poucas), tivessem tomado decisões que fizeram desvalorizar a PT, como aconteceu esta semana, pondo em causa a sua fusão com a Oi, depois de se ver envolvido num empréstimo ao GES? Tudo isto nos parece, de facto, muito estranho. Que rigor é esse, onde um grupo com tanto prestígio revela que afinal tem contabilidades paralelas? (Esta afirmação, como outras, são dadas pelos principais protagonistas da nossa novela). Como é possível que gestores destes sejam considerados de topo e até beneficiem de condecorações do Estado? Afinal que avaliação faz o Estado das pessoas que pretende condecorar? E como se sentirá um governo que sempre viu nestes agentes económicos o sol que lhes iluminava o caminho tão obscuro que trilharam depois de tudo isto? São demasiadas interrogações, mas são necessárias porque não sabemos ainda, se seremos todos chamados a pagar mais um buraco como aconteceu com o BPN e o BPP. (O PM já veio dizer que não, mas todos sabemos o valor da sua palavra!). Mas esta rocambolesca situação não deixa de ter impactos neste mundo globalizado em que vivemos. Se este caso vem por a nú, - como muitos referem -, que a tal "saída limpa" afinal pode ter mais engulhos do que se previa, também vem indiciar que o seu impacto quer nas bolsas, nacional e europeias. tem levado a perdas consideráveis, mostrando com clareza a fragilidade do euro como moeda aglutinadora do espaço europeu. Somos um pequeno país, mas os impactos financeiros desta monta fazem-se sempre sentir além fronteiras, e estamos apenas a falar da Europa, para não falar doutros danos colaterais ou não, em países como o Brasil ou mesmo os EUA. Numa Europa tomada de ventos ultraliberais esta não é seguramente uma boa notícia. (Se ela vem por em causa a nossa recuperação, também não deixa de causar embaraço na restante Europa. Porque a Europa também tem os seus casos que vai mantendo escondidos, a começar pela Alemanha que, ao que parece, até tem medo de os ver surgir). Esta estrada pedregosa que se está a percorrer ainda vai no seu início não se sabendo ainda se os próximos capítulos da nossa famosa novela não nos reservarão ainda mais surpresas. Com tanto controlo, com tanta análise, com tanta "troika", afinal é possível fugir a esta malha mais facilmente do que um camelo passar pelo buraco da agulha, para usar a imagem bíblica. Quando se pune um país e as suas gentes por ter vivido acima das suas posses, - asserção errada liminarmente -, como será que esta outra gente, os atores principais desta novela ficarão depois disto? Até ao dia de hoje a família Espírito Santo poderá pedir a insolvência com o intuito de se proteger dos credores. E depois? Será que as suas vidas serão afetadas? Será que terão que dar as casas e o carros para pagar as dívidas? Ou tudo ficará igual, mostrando com clareza meridiana, que de facto existem filhos e enteados neste mundo emaranhado da promiscuidade de política, economia e finança? Quanto à justiça ninguém a vê nestes casos, que são mais de polícia do que doutra coisa qualquer. Duma coisa estamos seguros, até ao momento tudo parece estar espantado com o caso, só falta saber quem no fim irá pagar a fatura.
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