Feliz Natal, amigos!
Mais um ano se passou. Dum Natal até outro Natal foi o tempo dum relâmpago. E aqui nos encontramos de novo na azafama da época. Para muitos a busca interminável do presente ideal, para outros, a busca daquela iguaria que vai surpreender todos à mesa, ainda para outros o reencontrar-se consigo mesmo, nunca época contemplativa e espiritual que foi sendo substituída pelo deus do consumo desenfreado. Coisas do tempo e não só deste tempo. Cada um irá celebrá-lo à sua maneira, com mais alegria ou tristeza, consoante o cenário que enquadra as suas vidas. No meu caso, será um Natal espiritual como vem sendo à muito, mesmo no bulício da estação, sempre assim foi, mesmo quando estou rodeado de pessoas tenho essa capacidade de abstração. (Será o primeiro sem o nosso velho companheiro Nicolau, companheiro de muitos e bons anos. E isso já é suficiente para que o meu Natal seja diferente). É a memória dos ausentes que cada vez são mais a engalanar a minha galeria, é a memória daqueles que por uma razão ou outra vivem nas veredas da vida, sem casa e sem família, na rua, ao frio e à chuva, sem amor, sem carinho, sem amanhã. Porque o amanhã lhes é negado e será tão ou mais sombrio que o presente. Gente que caiu na valeta da vida e que ignoramos porque as prendas, as iguarias e os néons ofuscam tudo. (E porque não queremos olhar. É sempre mais fácil ignorar). E não deveria ser assim. Mas também me vem à memória aqueles animais expostos às inclemências do tempo, aos perigos da vida errante, que andam por aí em busca de amor que quase sempre não encontram, a menos que um qualquer anjo se cruze com eles e lhes mude a vida. (Já para não falar daqueles que são brutalmente sacrificados nesta altura para alimentar a gula momentânea de uns tantos). Mas não quero aqui esquecer também a Mãe Natureza tão humilhada e vilipendiada pela Humanidade, que nesta época sofre mais um desbaste. Os pinheiros - que embora cada vez mais substituídos por plástico - são dizimados para se engalanarem por alguns dias, findos os quais são atirados para o lixo sem contemplações. Tudo isto é o Natal, um outro Natal, (talvez o Natal mais comum), mas um Natal frio de sentimentos numa época em que o amor maior deveria ser o mote. Incongruências desta espécie dista humana, que se vai tornando cada vez mais predadora de si mesma. Mas há quem pense de maneira diversa. Há quem faça um Natal diferente, mais frugal dentro da tradição primordial e ancestral daquilo que deveria ser o Natal. Seremos poucos talvez, mas tenho sempre a esperança que, ano após ano, possamos ser cada vez mais. Com mais consciência do mundo, do planeta que habitamos e que vamos destruindo dia a dia sem que pensemos nas consequências, a nossa casa comum que um dia poderá ser aniquilada pela vontade de outros e, quando isso acontecer, acabará o amanhã para todos nós sem exceção. Mas deixemos por agora estas filosofias. Utilizaremos os clichés costumeiros. E assim sendo, quero aqui saudar todos os meus amigos, aqueles de quem não gosto tanto, aqueles que não celebram a quadra por uma razão qualquer, os deserdados da vida, a todos sem exceção, vos deixo os meus votos dum Santo e Feliz Natal para todos vós e respetivas famílias. Todos sois importantes na minha vida. Boas Festas!
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